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domingo, 2 de outubro de 2016

PRIMA À VERA - PRIMAVERA

    Meu sonho infantil foi com uma prima querida. Com os primos se aprende a amar? Prima que representava o calor da imaginação amorosa – excitação infantil ou o imaginário na sensualidade de uma criança sem o uso da razão. E, sempre que vem a primavera, relembro da prima Vera com quem eu namorava às veras, num sonho falho infantil, numa paixão sem tamanho que mal cabia em mim. 
    Essas recordações me devolvem o calor imaginário, alegram a alma e o estro poético do louco que tenho do poeta que não fui, mas que me faz feliz lá, à ocasião, onde aqui e agora também, por uma verve viva de sonhos e alegrias. Assim, fiz um poema sem pé e sem cabeça, mas com meio no meio que me envolveu. 



Setembro chegou! – O amigo
Que nos trouxe a primavera
Do pistilo e da antera,
Da flor, que tanto bendigo,
E de órgão que não consigo
Lembrar, por falso pudor.
Mas meu ser interior
Sabia de carne e flora,
Do amor que, fora de hora,
Em sonho pariu amor.

Primavera é a alegria
Que cobre o inverno deposto
Em setembro, após agosto,
Mês que a crendice temia
Por superstição ou magia.
O mês do cachorro louco,
Que sem latir uiva rouco
Parecendo um lobisomem
Ou bruxas que se consomem
No mês que não mata pouco.

Setembro é glória, é prazer,
É mês florindo o jardim
E faz florescer em mim
A sensação de um dever
De me divertir e crer
Ser primavera, alegria
A dar humana energia
Ao ser no acasalamento.
É tempo de casamento,
Como o maio de Maria.

Em setembro ouve-se o canto
Do sabiá que procura
Parceiro para a futura
Geração. E, em cada canto
Há certo canto de encanto
Como canta o sabiá,
Que quanto mais canta dá
Mais percussões pelo ar,
Na alegria de cantar
Os cantos cantados já.

Cante, sabiá alegre!
Cante teu canto encantado!
Dê ao mundo o teu recado
Esperando que se integre
Ao canto novo e que regre
O cantar dos passarinhos
Contagiando os vizinhos
Ao dar seu trino de amor.
Seja do jeito que for
Abrindo ao amor, caminhos.
Autor: Laerte Tavares

7 comentários:

  1. Olá Poeta,

    Quero agradecer pela sua visita generosa de um
    belo e singular poema de comentário.
    Também, a oportunidade com a sua visita conhecer
    este valioso espaço de arte literária de excelente
    qualidade, aqui mora a Poesia!

    Apreciei muito a leitura que fiz aqui no seu
    espaço de arte literária!!

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    1. Feliz e honrado em receber surpreendente visita e tamanho carinho. Minha gratidão, Suzete. Laerte.

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  2. Olá, Laerte, que bela postagem onde nossas recordações, desde sempre, afloram. Afloram como tudo na primavera, as flores, os pássaros, a alegria dos animais, os amores, os dias luminosos que deixaram o inverno descansar e acenam com o calor do verão. Sem dúvida essa estação merece os mais belos versos dos poetas.
    Linda postagem.
    Abraços pra ti e pra Sandra, daqui, dos Pampas.

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    1. Tais, muito obrigado




      Tais, muito obrigado. Vocês fazem parte da minha história. Precisamos nos ver. Já falei isto ao Pedro. Grande abraço. Laerte.


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  3. Esse é o meu amigo Laerte, poeta e declamador (e romancista), que há tanto tempo conheço.
    Achei excelente, Laerte, este teu poema, que deste o título de “PRIMA À VERA – PRIMAVERA”. É um poema construído com inspiração e a técnica de quem domina a arte de poetar. Muito bom, amigão.
    Um grande abraço.
    Pedro.

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    1. Pedro, muito obrigado pelas palavras elogiosas. Aprendi muito contigo e te sou grato. Gosto de brincar com a minha cabeça e fazer versos. Agora, lembrando da minha prima Vera, lembrei da Tânia e da Vera de nossa pós adolescência... Grande abraço. Laerte.

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  4. Vim agradecer tua visita e encontro esse belo poema para a Primavera, com uma introdução do teu amor pela tua prima Vera. Adorei! abraços, linda primavera! chica

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