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sexta-feira, 13 de julho de 2018

CANÇÃO À PENHA AOS SESSENTA ANOS DE EMANCIPAÇÃO




    A minha terra faz anos - torrão ao qual me ufano, sendo seu filho. Cedo,  deixei seu calor e fui ao mundo buscar luz à minha formação, perdendo-me no caminho de volta. Não retornei ao destino para morar, por contingências da vida, porém, nunca virei as costas a esse lugar, onde possuo um ranchinho às horas de lazer, em terreno que há mais de duzentos anos pertence a nossa família. 
    Para homenagear Penha, município que abriga minha pequenina pátria, Armação de Itapocoróy, praia de uma colônia de pescadores artesanais e, ora balneária, procurei fazer alguns versos a ela. Dei de mim o melhor, crente de minha pequenez para enaltecer cidade tão maravilhosa, mas seguro estou que vale muito a intenção do meu coração tão grato, a compensar talento para compor os modestos versinhos.


CANÇÃO À PENHA

Autor: Laerte Tavares

Que Deus abençoe a Penha
E que o Espírito Santo
Ilumine cada canto
Desta terra! Que ela tenha
Na trajetória, em resenha,
Historicidade à glória
De sua própria memória
Já tão tradicional,
Desde o tempo Imperial,
Que consta da sua história.

Penha te saúdo então
Pelo teu aniversário!
Consultando o calendário,
Já sessenta anos são
Idos, da emancipação
Política de Itajaí,
Porém tua história em si,
É lógico que vai além
Porque séculos já tem
E testemunha o Iriri.

Rio Iriri, que a vagar,
Segue à enseada, um espaço
Que se parece a um abraço,
Pois as pontas ao alçar
A enormidade do mar
Forma o tal abraço amigo,
Delimitando um abrigo,
Porto que o argonauta veio,
Arribou e nesse meio
Fez morada, em tempo antigo. 

Da Praia Alegre à Vigia,
Qual braço direito humano,
Tu cinges o oceano,
E dele fazes um guia
Que as tempestades desvia
A escoar no costão,
Dando total proteção
Aos nautas, lobos do mar
Com a tradição de pescar
Desde a antiga Armação.

Se o teu desenho é um abraço,
Oh, Penha, tua alma pura
Forma a mais bela figura
Em teu divinal espaço
Como se fosses pedaço
Desse céu que te ilumina.
A tua imagem é divina!
Tens praias, vegetação,
Prados, montes e o costão
Encimado  por colina.

Teus filhos são descendentes
De intrépidos marinheiros
Que eram heróis verdadeiros,
Os baleeiros valentes.
São destemidos, tu sentes!
Homens forjados no mar
Que vieram a herdar
Essa veia de bravura,
Cujo mar por sepultura
Para eles é um altar.

És uma mãe generosa
De imenso coração.
Penha, teus filhos te são
Gratos. Tua alma goza
Da proteção poderosa
Do fogo e luz do Divino.
Oh, Penha, tens por destino
Ser luz, esplendor e brilho!
Mas aceite deste filho,
Por favor, meu simples hino!