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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

NATAL


Imagem - Internet


    O grande poeta lusitano, Fernando Pessoa, um místico, concebia o Natal sendo a família como a verdade. Um homem solitário e com uma família que nunca teria. Talvez tentasse suprir os anseios junto aos heterônimos, que eram inúmeros, a rodeá-lo. Realmente, ele morreu sem formar uma família. Em certo poema, ele diz:

"Natal, na província neva,
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.”

 Em seguida registra o quanto a família é a verdade e, por fim, cita:

“Vejo através da vidraça
Um lar que eu nunca terei.”

     Acredito, sem divergir muito de Fernando, de que o Natal é a família. Ela se transforma, às vezes se mistura, sendo um hipotético ou sensorial clã mesclado, feito amálgama único entre a Sagrada Família, a minha família e as famílias que os meus sentimentos alcançam para fazerem parte também do clã: aquelas de amigos familiares. Isto porque, as lembranças de Natal na minha mente, da longínqua infância, mantêm-se vivas, dos momentos, quando eu via Nossa Senhora com seu filhinho ao colo, sempre ao olhara à gravura estampada na sala de casa, qual pessoa familiar, igual às mães dos meus amigos e parentes, ou a minha própria mãe. 

    E para tentar traduzir tais sensações que me invadem nesta época de reflexão, fiz um pequeno poema ditado pela alma.

 TEMPO DE LUZ
Autor: Laerte Tavares

Natal é tempo de luz,
De regozijo, de paz,
De fé, da festa que traz
O Deus Menino Jesus.
É um tempo que a alma induz
Ao perdão e ao dom do amor.
Seja do jeito que for
Esse amor, por ser divino,
É graça! É de Deus Menino,
Jesus Cristo Redentor!

O Natal, a alma, abala.
Natal comove e arrepia.
Eu sinto a Virgem Maria
Como minha mãe, à sala
Dos meus sonhos e, sem fala
Diz-me da felicidade
Que sente. Isso me invade
O espírito, e o meu ser
Eleva-se. A bem dizer,
Sinto-me uma santidade.

É a santidade do Filho
De Deus, transmitida a mim
Por Ele que me deixa assim
Qual seu reflexo ou brilho
Que ao sentir me maravilho.
Meu lado emocional
Faz com que me torne igual
A um deus menor; mas um deus
Que anula genomas meus
A um ser espiritual.

Em sonho ou transe me sinto
Na paz da luz e do amor
Desse Jesus Redentor
Junto a mim, ao recinto.
E a minha alma ou instinto
Coloca-me como irmão
De Cristo. Nasci então,
Também da Virgem Maria,
A minha luz e o meu guia
A me levar pela mão?

Pois, Virgem Nossa Senhora
Faz-se a mãe em sonho
Ou num transe, que suponho
Irreal, porém demora
Para eu crer. Sei que ela mora
No meu coração. Assim,
O meu sonhar não tem fim
E, quando finda, a alma chora.

Porque em transe me ponho
Entre o sono e a vigília,
Fruto da mesma Família
Sagrada, que nesse sonho
Tão conturbado, suponho
Ser sagrado e ser humano,
Como se Deus Soberano
Fizesse-me a tal magia
De eu ser filho de Maria
Sem ser Jesus nem profano.

No Natal, sinto-me luz.
No Natal, sinto-me santo
Sendo só alma. No entanto,
Sou homem como Jesus:
Tenho prazer, tenho cruz,
Tenho família e amor.
Tenho paixões. Tenho dor...
Mas o que eu mais tenho é a fé
Em Jesus de Nazaré,
O meu irmão – Redentor.