No
século XIII (09/10/1261) nasceu rei lavrador e trovador, Dom Dinis. Dinis foi
quem elaborou os primeiros versos em décimas do cancioneiro português, depois
das poesias trovadorescas que havia criado. Composições estas, mais tarde, desaguadas
em Camões que seguindo a escola do monarca, criou narrativas excelentes a
refluir na inspiração de outros poetas e trovadores, propagando-se também ao acompanhamento
da lira, quando introduzida.
Em homenagem
aos grandes poetas portugueses, a partir de Dom Dinis, compus versos em
arremedo a esses notáveis. Como dizem meus conterrâneos manés, eu digo: Dinis
foi o mô rei! – um homem de ampla visão, responsável pela criação da primeira
faculdade portuguesa, além de incentivador à força da Marinha de Portugal. Casado
com Isabel, dona do propósito à festa do Divino Espírito Santo. Evento
religioso de grande veneração em nosso litoral catarinense.
REI TROVADOR
Autor: Laerte Tavares
Dom Dinis, o rei que fez
De verso seu, o primeiro
Tema do cancioneiro,
O ibero-português.
E pela primeira vez
As décimas tiveram vida
Como forma concebida
Para compor um poema
Narrativo, a qualquer tema
De uma história concebida.
E desta forma, Camões,
Tal o Bernardim Ribeiro,
Sá de Miranda, e um inteiro
Grupo compunham canções
Tão belas em suas versões,
Que musicadas na lira,
Tinham por escopo em mira
O coração português
Do fado e música que o fez
Poeta que o mundo o admira.
Camões, já navegador,
Inspirado pelo rei
Dom Dinis que tinha em lei
Poesia e o navegar,
Bem mais tarde fez-se ao mar.
Portugal levou ao mundo
Um relicário oriundo
De um rei e sua cultura,
Que até hoje é uma figura
Singular de estro fecundo.
Sua verve cultural
Deixou à posteridade
A primeira faculdade
Que existiu em Portugal,
Promovendo uma geral
Reforma àquela cultura,
Também à agricultura
Que era empírica, a fez
Orgulho do português
Na obtenção do vinho.
Dom Dinis foi o caminho
E a verdade, talvez.
Depois dele surgiria
Novos poetas, e assim,
Língua filha do Latim
Meandros, conheceria
Com Camões na poesia
E outros ilustres na prosa
Onde andança se entrosa
Nessa língua portuguesa,
Revestindo-se da beleza
De Flor do Lácio, formosa.
Camões a ergueu, bem alto.
Eça de Queirós fez dela
Uma bandeira amarela,
Verde, vermelha e, num salto,
Ela transpôs-se em contralto
Musical a toda a terra,
Por fado, em Cidade ou Serra.
E a exacerbou Bocage
Em anedota ou ultraje
Quando se sentia em guerra.
E o rei dos reis dos poetas?
Grande príncipe Fernando
Pessoa se viu usando
Tal língua em obras seletas,
Deixando às segundas metas
Sua outra língua, inglesa,
Da infância, que a sutileza
Da África o fez optar,
Por bilíngue singular,
A língua que usava à mesa.
Grande Fernando Pessoa!
De tantos, o mais divino,
Digno de louros e hino
Por sua obra que ecoa
Do coração de Lisboa
Ao além-mar tão cantado
Por ele. Fernando é fado!
Dos fados, o universal
Simboliza Portugal,
E no mundo é consagrado.
E graças a Dom Dinis
O Império Português
Na poesia se fez.
Portugal é um país
Que a glória tem no matiz
De suas cores poéticas,
Aquelas rimas e métricas
Que o trovador deu aos versos,
Oportunizando universos
Às poesias ecléticas.
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