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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

O POETA


  1.  
  2. O POETA É UM VIDENTE

Autor: Laerte Tavares

 

O poeta é um vidente que procura o belo em tudo,

Revirando o conteúdo do que enxerga pela frente

E a beleza, então, ausente a muitos, ele a evidencia

Feito uma fotografia ou desenho iluminado

E o belo é revelado com clareza e maestria.

 

Não será clarividência o dom que o poeta tem

Por ir da aparência além e encontrar sua essência

Do que não tinha evidência e com o seu dom se revela?

Leigo não lê imagem bela que o poeta vê e sente.

Por ser ele um ser vidente, vê e põe em sua tela..

 

Dizem que o poeta é santo, sendo um profano ser.

Pois pode até parecer, por descobrir o encanto

Do belo que canta em canto com bela sonoridade

Pelo seu dom que invade a essência do que existe

Dando alegre ao que é triste e ao belo, identidade.

 

 

Como vil versejador, lendo sonetos de Bocage, Florbela, e de um brasileiro pouco conhecido que reverencio, Bastos Tigre, senti-me muito pequeno e resolvi partilhar esse soneto do Tigrão com vocês para sentirem o quanto o poeta é poeta. Apontem-me defeitos de forma, concepção, ritmo, mensagem, sentimento... pois, eu não encontro. O cara teve a pachorra de intercalar versos heroicos com sáficos nos dois primeiros quartetos (isso é: versos com acentos nas sextas e décimas sílabas com versos acentuados nas quartas, oitavas e décimas sílabas). Ele foi bastante feliz nessa composição. Sintam. 

 

ENVELHECER
Autor: Bastos Tigre

 

Entra pela velhice com cuidado, 

Pé ante pé, sem provocar rumores 

Que despertem lembranças do passado,

Sonhos de glórias, ilusões de amores.

 

Do que tiveres no pomar plantado,

Apanha os frutos e recolhe as flores;

Mas lavra, ainda, e planta o teu eirado,

Que outros virão colher quando te fores.

 

Não te seja a velhice enfermidade.

Alimenta no espírito a saúde,

Luta contra as tibiezas da vontade.

 

Que a neve caia, o teu ardor não mude.

Mantém-te jovem, pouco importa a idade;

Tem cada idade a sua juventude!...