Nossa ilha de idílios está em festas. Florianópolis fundada em 23 de
março de 1673 e emancipada em 23 de março de 1726, comemorará dois
aniversários.
Oh, Ilha, como eu te quero balzaquiana, cumprimento-te pelo teu 346º (trecentésimo
quadragésimo sexto) aniversário! Que sejas muito feliz! E que tenhas a doçura,
a beleza, a elegância despojada e o brilhantismo de sempre. Sou saudoso, e na eterna juventude dos teus dias, sonho os dias de minha jovialidade, ora
alquebrada pelos anos e sem o vigor da resiliência que te conserva bela,
mesmo que um pouco marcada pelas rugas do progresso fatigante a timbrar-te, descaracterizando da Desterro pachorrenta ou preguiçosa. Sinto saudades daquela ilha que ainda
vive em mim, a dos anos sessenta do século passado – ilha das canoas e
baleeiras de pescadores artesanais que chegavam à Praia de Fora, hoje, Beira-Mar Norte.
A antiga Desterro era um porto de referência para os argonautas que
navegavam por nossa costa, por possuir dois ancoradouros seguros – o da Baía
Norte e o da Baía Sul. Com qualquer borrasca, se o vento fosse do sul, os
barcos ancorariam ao abrigo do vento na parte norte, e caso o vento fosse norte ou
nordeste, ancorariam na baía do lado sul.
Da mesma forma, no tempo ao qual me refiro, havia dois bares famosos na cidade
de Florianópolis, o Bar Miramar sobre um trapiche da Baía Sul e o Bar Katcipis
na Baía Norte, em que os aficionados por cerveja fugiam do Bar Miramar, quando dava o vento sul, pois as maretas respingavam as marmóreas mesas do
estabelecimento, e o pessoal ia se abrigar no bar do grego – Bar Katcipis,
na Praia de Fora. Já se a aragem fosse nordeste, os fregueses frequentavam o Miramar.