LINDA PRAÇA EM FAGUNDES VARELA - Imagem Internet
A cidade de Fagundes Varela/RS engalana-se por receber integrantes da família Moreschi, daqueles que lá chegaram há cento e trinta anos para se integrar a outras etnias e fundar uma pequenina pátria, remanescendo na Itália parte dela, cujo ramo, dedica-se à indústria calçadista, com maior exportação para os Estados Unidos da América do Norte, dos famosos sapatos italianos.
As viagens marítimas e os descobrimentos dos nautas portugueses no século XIV deram “Novo Mundo” ao mundo, e ao “Velho Mundo” deu àquele, novas perspectivas às vidas dos que o habitava, assim como gerou oportunidades aos habitantes de todo o planeta - muda o mundo, pelo novo mundo!
Cidadãos europeus do século XIX ao ver seu continente em crise, com o ideal de encontrar na América melhores condições de vida, embarcaram com suas famílias em navios à vela enfrentando penosas viagens com duração de dois meses ou mais, em busca de horizontes novos no “novo mundo” para eles e aos seus vindouros.
Muitos filhos da Itália, mais tarde, deixaram o torrão natal para trás, esperançosos com a próspera. Do Porto de Gênova, terra de Colombo, embarcaram mais ao fim do século, muitas famílias italianas com destino ao Brasil, já ao domínio das novas invenções, em navios de máquinas a vapor, mais velozes, capazes de cruzar o oceano na metade do tempo dos antigos munidos de vela. Entre inúmeras famílias, em 1888, a veronesa Moreschi singrou à América - o sonhado ramalhete de flores, cujo destino final seria o Sul do Brasil. Instalando-se, após longa saga marítima, fluvial e terrestre, no coração do Estado Rio Grande do Sul, na colônia de Alfredo Chaves. Por haver uma cidade de mesmo nome no Estado do Espírito Santo, a cidade gaúcha mudou Alfredo Chaves para Veranópolis. Mais tarde, ramos da família expandiram-se para Santa Catarina e, mais tarde, com maior número da prole, para todo o país e ao mundo. De seus membros, tive o privilégio em receber uma Moreschi por esposa que me deu um filho. No momento, após quase um século e meio, a família Moreschi promove mais um encontro entre seus descendentes, desta vez para comemorar os cento e trinta anos de imigração, no local que serviu de berço aos seus e conserva as memórias de tantos, a pequenina pátria, atualmente sob a denominação de Fagundes Varela em homenagem ao grande poeta brasileiro.
SAGA DO IMIGRANTE
Ao meu
filho Arthur Moreschi Tavares
Europa, mil e oitocentos...
Com seus países em crises
Enormes e com matizes
Trevosos nos firmamentos,
Países, em passos lentos,
Caminhavam para um fundo
De abismo imenso e profundo!
E a Itália viu o seu povo
Clamar pelo mundo novo
Ao rumo do Novo Mundo!
Antecipou-se Verona
De gente audaz e aguerrida
Para buscar nova vida
Sob o amparo de Madona
Mãe de Deus, na virgem zona
Da América. E Portugal
Oferecia um local,
De habitante carente,
O Brasil, a essa gente
Que buscava isso, afinal!
Assim, fez-se um contingente
De famílias veronesas
Como a MORESCHI, de acesas
Almas, razão, fé e mente
Que, de início, já se sente
Apta para enfrentar
Os mistérios do além-mar
Descritos em brutais sagas,
Para ganhar novas plagas
Nesse sonhado lugar!
A América! E ela fez-se em porto
Na manhã de céu azul,
Já no Rio Grande do Sul.
Do mar, ainda absorto,
O povo teve o conforto
Da paz, mas logo inicia
Uma nova romaria
Sob cantares de aves
Exóticas e, em Alfredo Chaves,
Funda a sua freguesia!
Quase há século e meio...
Hoje a família se enlaça,
E unida agradece a graça
Alcançada por quem veio
Não com a vida a passeio,
Mas para um serviço duro,
Sonhando um melhor futuro
Para o esperado porvir
Aos descendentes a vir
E brinda o amor terno e puro!
Ora, em Fagundes Varela
(Certo poeta andarilho
Que deu nome sem ser filho
À Alfredo Chaves), tão bela
Cidade a qual chancela
Festa a um clã italiano
Que atravessou o oceano,
Lutou e formou um povo
A dar para o “Mundo Novo”
Novo brilho ao ser humano!
À gente essa, ergo uma taça!
E em tragos, trago o meu vinho,
Que me traz tanto carinho,
Fruto da casta ou da raça
Dessa família que passa
A sangue do sangue meu,
Porque Deus do Céu me deu
De uma Moreschi, um filho
Que em meu olhar pôs o brilho
Refletido do olhar seu!
Alfredo ChavesVeranópolis