Amigos, vivo em uma ilha que, desculpem a água na boca, mas é ela de um esplendor e beleza sem-par. Amo a Ilha de Santa Catarina como o vinho que degusto diariamente. São minhas paixões, menores, depois de o amor pela família e amigos, mas são duas paixões frenéticas que arrebatam e me levam por rotas luminosas a grandes êxtases da alma. Assim, quando me dou conta, a razão me acorda e, então, deduzo por quais caminhos palmilhei no devaneio.
Eis que está chegando o verão e com as sessenta e tantas praias à disposição, seria impossível deixar de sair e brindar o calor com a gelada cerveja ou o chope geladinho. Aí está a ira - faltar com a fidelidade ao terno vinho tinto, primazia minha. E, na falta da eterna lealdade canina, quero homenagear o doce amigo com dois pequenos poemetos para brindar nosso verão, que dezembro o trará de direito.
Aproveito o ensejo para erguer a taça à Rachel de Queiroz, grande escritora brasileira que eu muito lia, obras suas, na juventude. Hoje, a saudosa imortal completa seu 107º (centésimo sétimo) aniversário - primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Um brinde à Raquel, escritora!...
Aproveito o ensejo para erguer a taça à Rachel de Queiroz, grande escritora brasileira que eu muito lia, obras suas, na juventude. Hoje, a saudosa imortal completa seu 107º (centésimo sétimo) aniversário - primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras. Um brinde à Raquel, escritora!...
Uma das mais desertas praias de nossa ilha - foto da web
IN
VINO VERITAS I
In vino veritas – verdade que assisto!
Pois
quando o vinho alma e mente invade,
Transfere ao ser a total liberdade
Aos sentidos e ao amor, ao visto.
Bebeu
Tibério; também tomou Cristo,
O
vinho às suas mãos e, em verdade,
Fez
dele o próprio sangue da Deidade,
Deu graças, ordenando: fazei isto...
Eu
tomo à mão a taça o casto vinho,
Sem
procurar verdade, e adivinho
O
que sem ele jamais saberia.
Na
reclusão, não estando sozinho,
Absorvendo-o com afeto e carinho
Sinto: Verita est a doce fantasia.
Autor:
Laerte S. Tavares
IN
VINO VERITAS II
Tomo do vinho, enigma do amor
Como alimento da embriaguez
Do ébrio coração que, pois se fez
Por próprio gosto, feliz ao torpor.
Se feito ao
vinho, enigma for,
Ao coração a
plena lucidez,
Tudo é
mistério e será talvez
Mistério, a condição
de sonhador.
In vino veritas – onde há a mentira?
O amor é uma
verdade que delira
Em nossa
mente, quer alegre ou triste.
Por isto, quando bebo, tenho em mira
Fazer o amor
vibrar ao som da lira
De uma
opereta que minha alma assiste.