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sábado, 21 de abril de 2018

UMA HOMENAGEM À MULHER

Lembro-me de homenagem que fiz no DIA INTERNACIONAL DA MULHER, ao receber em textos, nas postagens de comentários deste blog, não existir dia predeterminado para enaltecer a mulher, pois todos os dias seriam dias para um carinho ao ego dessa maravilhosa entidade. Colocado isso, vejo não haver extemporaneidade alguma, em hoje postar matéria com tal contexto. Bem, eu homenageio a mulher e "por tabela (na mesa de bilhar)", não deixo de, por vaidade, homenagear a mim também, postando com grande contentamento, poema de minha autoria editado na REVISTA FENIX. Meus agradecimentos e elogios à escritora Alexandra Magalhães Zeiner pela iniciativa da referida edição. 





domingo, 15 de abril de 2018

CONGRESSO INTERNACIONAL COMEMORATIVO DOS 270 ANOS DA PRESENÇA DOS AÇORIANOS EM SANTA CATARINA



                                                
Imagem - Int.



                             

                           
      Programação: 270° ano da 
    presença açoriana em SC 

  
“As Velhas” da Ilha Terceira - Açores
Cantar “As Velhas”

     Segundo dados colhidos, cantar As Velhas é uma poética de exclusividade da Ilha Terceira, dos Açores. Conceito que se assemelha às cantigas trovadorescas de escárnio e maldizer, com base no improviso de dois cantadores, ao som musical de uma viola. Entre instrumentos de evidências estão a viola da terra com doze cordas e a viola da Terceira de dezoito cordas, denominadas violas de arame. Embora, diferentemente do canto ao desafio, alguns estudiosos defendem que nas velhas há uma situação risível, na qual o cantador tem por objetivo apresentar uma resposta ou réplica, mais original e melhor do que aquela feita pelo seu oponente, mas sem o desafiar.
    O fenômeno da insularidade deixou marcas no espírito dos açorianos. Cinco séculos de isolamento físico e de contato permanente com o mar de horizonte finito, passando por cataclismos vulcânicos o povo caldeou uma religiosidade gerada, precisamente, ao terror do abalo sísmico e vulcões, fatores que marcaram e moldaram o modo de ser, de pensar e de agir do açoriano português.
    Quanto à origem da cantiga As Velhas, pouco da sua história se sabe. É indiscutível de que foi levada pelos primeiros povoadores, enquanto a influência pode ter sido brasileira, africana e também americana. Canção essa, em afinidade com as cantigas de escárnio e maldizer e com a poesia trovadoresca da Idade Média. Outra possível influência seria com a Cantiga Chacota, canção de “fazer rir, verdades e fantasias”, um dos gêneros musicais utilizados por Gil Vicente para “criticar, troçar de tudo e de todos, mas a todos divertindo”.
    As Velhas possuem uma estrutura poética constituída por uma sextilha e uma quadra. Nas trovas não se faz crítica usando os nomes próprios dos visados. A denominação, quase sempre se volta à “velha ou ao velho, meu avô ou minha avó”, figura familiar a representar o adversário de um dos integrantes, mesmo que com o tempo o tema das cantigas tenha partido para a revelação de uma crítica social a ser denunciada.
    Eis abaixo algumas letras de autoria de Laerte Tavares, a expressar personagens locais da Ilha catarinense, as quais foram compostas a partir de ideias que surgiram num encontro com amigos da Casa dos Açores de Santa Catarina:



Velha lá da Joaquina,
Quando jovem era divina,
Tendo a bunda tatuada

Com uma pomba singela
E grande águia atrás dela
Tentando uma rapinada.

Hoje, essa velha é um caco,
Virou sombra, pele e osso,
A pomba foi pro buraco
E a águia enfiou o pescoço.

********

Velho devoto e aflito
Lá da Enseada de Brito,
Pediu um milagre ao santo.

Queria uma companheira
Rica, bonita e faceira,
Para viver no seu canto. 

O triste ganhou no, entanto,
Uma encrenqueira vizinha.
Pensou ser obra do santo,
Mas foi praga do Peninha.

********

Velha da Beira-Mar Norte
Tinha jurado de morte
A amante do marido

Que era uma inflável boneca
Imunda, feia e careca
Trajada em velho vestido.

Quando a velha dá um tiro
A boneca se desfaz
Em prolongado suspiro.
- Matei ele! É satanás!... 

********

Velha da Praia do Meio
Dizia ter só um seio
Que era do lado direito.

Um velho que a tinha em mira
Apostou que era mentira
Que tivesse tal defeito.

Depois do tratado feito,
A velha deu seu recado:
- Eu tenho à direita um peito,
E o esquerdo, do outro lado.

********

Velha lá de Itaguaçu
Parecia um baiacu,
Tamanha a pança que tinha.

Dizem que na juventude
Ela esbanjava saúde
De tão elegante e magrinha.

Contou-me um velho tarado
Que ainda transa com ela,
Mas trai a velha ao seu lado,
Só pensa nela em donzela.

********

Uma velha lá de Ganchos
Tinha as pernas de garranchos
Iguais a ramos de junco.

Além da coluna torta
E olhar vidrado, de morta,
O seu nariz era adunco.

No parto, quem atendeu
Foi velha Maria Moura
Que vendo o semblante seu,
Pôs à mãozinha uma vassoura.

********

Velho que casou de novo
Convidou todo o seu povo
À festa de casamento.

Em meio, tomou um Viagra,
Pegou a noivinha magra
E subiu ao aposento.

Quando o defunto cresceu,
A noiva o puxa, excitada.
- Espera! O “pileco” meu!
Eu vou mostrar da escada.

********

Velha da Ponta de Baixo
Tinha um garoto por “cacho”,
Rapaz bonito e atrevido.

Um dia pegaram os dois
Num matagal e, depois,
Ouviram triste gemido

Acharam o rapaz pelado
Com a velha rapariga
Que dava um gemido uivado
Com o rabo num pé de urtiga.

********

Velha lá de São Miguel
Tinha um nefasto papel,
O papel de cafetina.

Anunciava ao povo
Ter sempre um brotinho novo
Sensual - linda menina.

Ela engendrava o programa
Com um moço, à bela donzela.
Mas fazendo um melodrama
Quem vinha nua, era ela.