Sempre que chega a primavera o meu coração se alegra sem que eu saiba por quê. Hoje o sol nasceu em uma atmosfera límpida abrasando um vergel ainda acinzentado. O sabiá de peito amarelo e garboso cantou seu hino à flora, degustando as primeiras ervas, insetos e frutos primaveris. O mar com mais brilho aparentava indiferente, porém o céu refletido nele parecia mais próximo em que as trombetas angelicais ecoavam no marulhar dele que mansamente emitia, meio rouco, sons maviosos para acalmar a minha mente e deixar que eu fosse só anímico com o raciocínio frouxo e de alma atenta. A minha sensação andava entre serafins ou faunos que me acenavam do vergel, ora, mais verde com a luz solar que dissipara o cinzento. Não sei se nessa hora a minha sensação tocou em Deus, mas eu senti a santidade refletida ao mar, então, dourado. E foi nesse momento de um feixe de luz iluminar-me a mente que desperta por segundos, fez-me entender que hoje começou a primavera no hemisfério Sul.
PRIMAVERA
Chegou a primavera e a flora aflora
Com flores feito fatos fiéis a ela,
Em que o verde e a cor beje-amarela
Faz o vergel dourado. A luz o cora.
Tudo é beleza e, quando nasce a aurora,
A passarada canta, à luz singela,
Numa alvorada doce e se desvela
A fauna, a flora e a noite – foi-se embora.
Por isso a primavera é a estação
Mais desejada das quatro, em questão,
Pelo que oferta aos seres, sendo bela.
A mim ela me toca o coração.
Na primavera tenho a sensação
Que sou só alma, sem mente ou razão.