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quarta-feira, 19 de junho de 2019

IN VINO VERITAS EST (NO VINHO ESTÁ A VERDADE)

Deus Dionísio ou Baco - Imagem internet

Laerte S. Tavares e família


Laerte S. Tavares e seu irmão Antônio Tavares Neto

Margit Holzwarth Pardo com esposo 
Grover Ronald Pardo Alvarado, 
Hilário Sobral Soares e Laerte Sílvio Tavares

Aqui o brinde foi com uísque e cerveja: 
Harry Correa (direita); Laerte Tavares (esquerda)


    “Moro num país tropical e abençoado por Deus”, mas às vésperas do inverno, a gente sente na alma e no corpo que ao sul do equador, em nossa santa e bela Catarina (SC Brasil) temos, perfeitamente, bem definidas as quatro estações do ano, quer no clima, quer na natureza pródiga de vegetações, flores e frutos ou na atmosfera transcendente que nos presenteia com sentimentos diversos. Inverno, o sentimento de carência e aconchego aflora à alma quando se busca também, em outras culturas, costumes como o fondue e o vinho tinto, temperatura ambiente, à libação entre familiares e amigos. Este sonhador, no qual me faço, aproveita os primeiros friozinhos para a degustação do bom tinto, sem desprezar o português da região do Dão ou do Douro por atavismo do pai e do avô paterno de origem portuguesa do Porto. A libação vínica é ritual indispensável, em comunhão com os seus. Então, em homenagem ao vinho, compus um poeminha.



IN VINO VERITAS EST
Autor: Laerte Tavares

Meu confidente é o vinho!
Eu o cumprimento, ao abri-lo.
Confidencio-lhe aquilo
Tudo que eu sonho sozinho.
E ele, como um adivinho,
Parece já saber tudo;
Permanece atento e mudo
Feito um excelente ouvinte.
Depois, ao passo seguinte,
Dou uma girada na taça,
Quando ele abre sua graça
Com elegância e requinte.

Ergo a taça, sinto o aroma.
Fito-o com amor e carinho.
Beijo o cristal, sorvo o vinho.
É quando o prazer me toma,
Conduzindo-me à redoma
Da meditação profunda
Com minha alma, que se inunda
De luz, num estado de graça
Inebriante, que passa 
Por transcendência fecunda.  

Largo a taça em algum lugar
E sigo o meu pensamento
Absorto, como o vento
Ou uma brisa do mar
Que nem está a ventar.
Permaneço observando
O meu pensar. E, até quando
Divago sem rota ou rumo...
Depois me tomo de prumo,
Dono do que estou pensando.

Nesse estado de prazer
Ou doce contentamento
Dirijo o meu pensamento
Para analisar meu ser
Responsável, no dever
De viver a minha vida
Como coisa concebida
Por um místico mistério.
Por isso, não levo a sério
Se eu me envolvo com a bebida.

Dou mais um gole. E, saúde!
Viva a mim e viva o vinho!
Viva meu sonho e caminho!
Viva a eterna juventude
Da alma que à mente ilude
Ser tão jovem quanto ela!
Viva a vida “dolce” e bela
Quando eu bebo com prazer!
Viva o corpo ou alma ou ser:
Ente que em nós se revela!

E o vinho já me inebria!
Sonho ser quem quero ser.
Ser que sonha com o prazer,
Com o amor, com a poesia
Que sua própria alma cria
Nesse estado inebriante,
Não qual ébrio, mas amante
Do vinho que, até Jesus
Bebeu com amigos, à luz
Do amor, que era o bastante!





26 comentários:

  1. Linda poesia!
    Eu amo o frio, e o que ele traz: vinho, queijos, caldos, lareira e Netflix.

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  2. Pois... faltou dizer... branco ou tinto? Mas depreendo que branco... :)

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  3. Um belo poema, ao néctar dos deuses.
    Abraço

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  4. Adorei a leitura do poema com "Boleros", de Ravel, ao fundo... não podia ser mais bem escolhido.
    Magnífico!!!
    Um abraço, Laerte.

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  5. Oi, Laerte, que belo poema, amigo!
    É a pura verdade, no vinho a verdade, o prazer, o descanso, o encontro conosco ou com o ser amado. E que vivam nossos sonhos!
    Bela postagem, ainda mais ouvir o poema declamado por ti, o que deves fazer sempre - minha opinião!!
    Aplausos!!
    Grande abraço e beijo também aos teus e um belo feriadão regado a vinho, tinto de preferência!

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  6. Ainda que as estações do ano, aqui pela minha latitude, se confundam e difundam cada vez mais de entre si, de resto custa cada vez mais reconhecer o Inverno por aqui; Inverno que precisamente puxa, por exemplo, para o vinho de que também gosto _ na justa medida _ e de que a minha região, do Alentejo, é mais uma produtora de excelência!
    Quanto ao poema está ao inspirado Nível superior que o caro Laerte nos tem habituado.
    Com gratidão por tudo e votos de parabéns
    Abraço
    VB

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  7. Então Laerte: tim tim
    a esse seu belo poema.
    Maravilhosos versos.
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  8. Adoro vinho! Bebido à leitura de tal obra seria o máximo para mim. Pena não ter nenhuma garrafa aqui hoje.

    Beijos, querido.

    Deliciosa Ilusão

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  9. Nós aqui a entrar num Verão que promete calor abrasador.
    Aquele abraço, bfds

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  10. Lindo canto ao vinho...Aliás, quando o tomo,prefiro o branco,bem geladinho! Vim também agradecer tua linda poesia lá no céus! Obrigadão pelo carinho! abração,ótimo INVERNO! chica

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  11. Bello poema dedicado al vino.
    Entiendo que tus ancestros son de la zona de Oporto zona de buenos caldos como en toda la cuenca del Duero.

    Saludos.

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  12. Viva, Laerte!

    Excelente poema ao Vinho e muito bem dito!

    Parabéns. Gostei muito.

    Abraço

    Olinda

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  13. Amigo Laerte o inverno nos três Estados do Sul do nosso país é a melhor estação para bebermos vinho, em especial o vinho tinto encorpado, quer em boa companhia, quer com os nossos pensamentos, quando extraímos da alma o que dela não se tira sem a sua ajuda. Então a poesia junta-se ao vinho e o resultado será um filosófico poema como este.
    A prova de que o vinho aquece as veias do poeta é justamente este teu excelente poema, que de gole em gole vai tirando a verdade da alma.
    Gostei muito do teu poema, Laerte.
    Um grande abraço.
    Pedro

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  14. Olá Laerte

    Vocês aguardam o inverno!
    Por cá... o Verão está começando a espreitar...
    aos poucos

    Linda poesia!
    Não gosto do frio, nem do calor
    para mim seria um paraíso ter Primavera e Outono

    Depois de 2 semanas e meia de ausência, estou de volta à blogosfera!
    Aproveito hoje e ando a espreitar os espaços dos amigos,
    e as novidades que fui perdendo...

    Boa semana, beijos da Tulipa

    Há post novo, aqui:
    http://tempolivremundo.blogspot.com/

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  15. Um poema que é uma ode ao vinho. Muito bom! E para quem gosta de beber é melhor ainda…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  16. Pela opinião do homem cá de casa (eu não bebo vinho) excelente escolha, o vinho do Dão.
    Belo poema.
    Abraço

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  17. Un poema para el ritual de la toma del vino espirituoso. Tradición que se hace poesía, como su vid bella ebriedad, para sentir que la vida es también amable y grata. Un abrazo. Carlos

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  18. Duas boas opções de vinho do Dão ou do Douro.
    Sempre maravilhoso o meu amigo recordar suas raízes.
    Quanto às estações do ano, por aqui já não se sentem tão definidas. Cada vez mais temos um verão e um inverno, clima instável, mão do ser humano a se auto-destruir.
    Abraço meu amigo.

    😉
    Olhar D'Ouro - bLoG
    Olhar D'Ouro - fAcEbOOk
    Olhar D'Ouro – yOutUbE * Visitem & subcrevam

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  19. Que beleza de poema Laerte! O vinho eu gosto de dois tipos o Tinto e o branco doce mas este último há muito não tomo porque ele sobe rapidinho com só um pouco. Grata poeta, uma delicia estar aqui, abraço

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  20. Amigo Laerte
    Venho agradecer o comentário poético que me teceu.
    Quanto ao seu poema, devo dizer que está um mimo! E saber que foi inspiração vinda de um vinho português, (quem sabe?!) cujo hábito em bebê-lo tem raízes no Porto, minha cidade de eleição, onde vivo a maior parte do ano e onde o clima, no outono e inverno, também convida a degustações similares.
    Um abraço
    Beatriz

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  21. Desde que bebido com moderação, o vinho é bom.
    Conhece os vinhos portugueses? Aconselho.
    Um abraço.

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  22. "Redundando em poesia",
    Chegou-me o seu sonetilho
    Que do meu não sendo filho,
    Me trouxe muita alegria!

    Grata pela cortesia,
    Aqui "desgarro" e partilho
    O pequenino rastilho
    Da chama que nel` luzia.

    Traz o seu silo bem cheio
    E este meu mal chega a meio
    Do que antevejo do seu,

    Mas arrisco e, sem receio,
    Esta fraca chama ateio
    Ao pavio que hoje acendeu.

    Maria João

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  23. A 'verità' numa ode ao vinho eloquente e brilhante.
    Gostei muito de ouvir a sua voz e agradeço muito
    o vídeo, pois considero-o uma prova de muito afeto.
    Dias de inverno aconchegantes e simpáticos.
    Abraço cordial.
    ~~~

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  24. Um belo poema corrido, como se o vinho do Dão ou do Douro - experimente o maduro tinto Alentejano, também, e terá uma agradável surpresa - nos deliciássem o palato numa roda de amigos.
    Um poema diferente e longo, saborosamente frutado com um palato redondo a saber a baunilha e a especiarias.
    Um abraço, amigo, Laerte.
    Uma boa semana.

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  25. Laerte, um belo poema trazendo um brinde ao Deus grego do vinho Dionísio, com seus festejos e folguedos de muita libido, pois, na mitologia romana, seu nome é Baco, que nos remete ao bacanal, que na mitologia, nada tem a ver com orgia, mas sim, na festa em honra a Baco, à imitação das festas dionisíacas gregas.
    Saudações e Saúde!!!
    Passei a lhe seguir.

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  26. Uma fantástica inspiração, que é uma verdadeira ode, ao néctar da verdade!...
    E uma maravilhosa forma de homenagear as suas raízes, Laerte...
    Não sendo uma grande apreciadora de tintos... confesso que o sou, em relação aos brancos... e aos Portos... sendo os Ruby, os meus preferidos...
    Beijinho
    Ana

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