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quinta-feira, 1 de junho de 2017

AI DE MIM

CREPÚSCULO SOBRE O MAR CALMÍSSIMO DA BAÍA DE ITAPOCORÓY
FOTO DE PAULO RENATO VERÍSSIMO






A “Tragédia dos Comuns”
É um razoável tratado.
Vê o Planeta lotado,
E prevê morrer alguns.
Porém, eu não quero morrer! E nem me perguntem por quê.
Por estar certo que morrendo não faria falta, como já não somo, a não ser aos meus. 
Sei que o sol nasceria como sempre; e, por certo, iria ao ocaso, mas veria com a sua própria luz e clareza de inteira lucidez, que faltaria sob sua iluminação, este engenheiro que fica a imaginar o cálculo de rotação da Terra em torno de si, peregrina e bela, dando a aurora rosicler. 
Bem como fica a compor versos para satisfazer sua alma que transcenda aos cálculos. 
E sentiria a falta do versejador afetivo e efetivo que rima Aurora com a luz indo embora.
E, agora, pois se eu morresse?... Far-se-ia o ocaso com um outro prazo? Sei que não.
Sei que as flores desabrochariam, por certo, com a nova primavera que floresceria os jardins, porém as flores se entreolhariam e, intrigadas, perguntariam no silêncio frio do orvalho matinal, por onde andariam estes olhos que tanto amam as orquídeas.
O verão haveria de voltar, porém, a areia da minha pequenina praia e pátria sentiria a falta das pegadas de meus pés nus, em doces caminhadas, que as ondas apagam, como apagam todos os rastros.
O mar mais raso, sem o meu corpo nele imerso ao banho e as águas mais frias, sem o calor do mesmo, reclamariam aos céus por mim, através de suas ondulações mansas  com seus marulhares quase silenciosos.
Eu sei que apenas o joão-de-barro e o bem-te-vi fariam as algazarras estridentes de sempre à minha falta ou sem ela, mas sei também que a juriti, ressentida, arrulharia à tardezinha no promontório à beira do caminho que tanto palmilho, atrás da minha casinha de praia, triste como a pomba saudosa comovida e inconformada pela irreparável  ausência de seu amigo, o passivo admirador e ouvinte contumaz.
Hoje, ciente de mim, a voz da sabedoria me diz: amigo, mas a tua saída dará lugar a outro embarque nesta nave lotada!
Sempre haverá outro tripulante substituto!
Então vai, oh filho Arthur!...
E mesmo não sendo rei, arvora-te altivamente em tua senhoria humilde de majestade, e deixa o sol te iluminar!
Observa a rotação da Terra a dar a todos, o dia e a noite.
Rima, talvez teu empenho duro, com a vitória no futuro.
Ama as flores! Deixa o teu rasto na praia e entra no mar,
E nele, que o teu corpo aqueça as suas águas.   
Faze!... Vive!... Para que eu, em ti, possa viver eternamente... 

24 comentários:

  1. Um poeta não morre pois vive eternamente através da sua bela poesia!
    Boa noite!!!

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  2. A poesia é o elo dos homens (entenda-se raça humana), estejam onde estiverem, sejam que forem.
    Mais um belo poema, caro amigo Laerte. Parabéns.

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  3. A poesia nasce em jardins como o seu , Laerte. Este pensamento fluido como a correnteza da água cristalina, só brota em nascentes que existem para matar a sede a palavras tímidas.
    Parabéns, pois que a Vida não será a mesma sem a sua companhia.
    Meu beijo!

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  4. Simplesmente sublime.
    Aquele abraço, bfds

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  5. Adorei o teu poema...Belas palavras e como o dizes já há algum tempo que não te via por aqui...fico feliz
    O teu texto está magnifico
    Beijinho

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  6. Adorei o teu poema...Belas palavras e como o dizes já há algum tempo que não te via por aqui...fico feliz
    O teu texto está magnifico
    Beijinho

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  7. Belos versos, como sempre...há que praticarmos o desapego, para que, ao partirmos, não deixemos correntes que nos prendam, mas apenas ligações afetivas que nos alegrem no futuro reencontro.
    Pensemos no presente, e façamos o melhor, e em nossos pensamentos saudemos a beleza de todas as coisas, tentando ser parte dela. Para que quando partamos, não sejamos insubstituíveis, porém lembrados com doçura.
    Um abraço!
    Bíndi e Ghost

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  8. A tua obra literária será um dos cordões umbilicais que te ligarão à vida depois de partires.
    Até lá, deixa-me desfrutar dos teus novos e excelentes escritos (como este).
    Bom fim de semana, caro amigo Laerte.
    Abraço.

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  9. Nem pense numa coisa dessas, querido Laerte! Viver é excelente.

    Gosto mto de sua escrita e esta, k é um pouco diferente me encantou e assustou.

    A voz da sabedoria tudo sabe.

    Abraços e bfds.

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  10. Adorei te ler, emocionantes tuas palavras deixando lugar para o teu filho, encorajando-o a ir... Lindo! Adorei o céu e que delícia ter uma casinha num lugar assim! Vale muito! abração, tudo de bom,chica

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  11. OLÁ AMIGO! Passei pelo seu "Silo Lírico", sem deixar rasto, mas gostei de ler e deixo o meu abraço.

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  12. Olá, dulçoríssimo Laerte (rs)!

    Muito agradeço seu versejar, seu sonetar(rs), pke lá está tudo o k canta em teu ouvido e mente. Vamos nessa!

    Que feliz fiquei por saber k estavas com o gás todo ou quase, pronto para as curvas, as delas (rssss). Que continues com saúde, alegria e vitalidade (ia escrever outro vocábulo começado tb por "v", mas enfim, sei k vais entender.

    Nossa! Um beijo dulçorissimo pra mim, vindo de você? Ah, minino, tua mulher te "mata". Olha que estás te candidatando a entrar no "paraíso" (rsssss)!.

    Vou lá no blog da Leninha e vou escrever o k tu me falaste e olha que vou deixar beijo dulçoríssimo e com gás pra ela, e não um, e não dois (rs).

    Beijos e bom domingo.

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  13. Oi, Laerte!

    Estou encantada!... Seus versos a abrilhantar meu espaço... e seu espaço a reluzir sobre mim!...
    A rima proposital, a prosa poética, as palavras minuciosamente escolhidas e encaixadas...
    As palavras são cereais escolhidos um a um para serem ensacados em bonitos versos!...

    Beijos! =)

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  14. Simplesmente maravilhoso.
    Que deixemos sempre um rasto de amor e paz na nossa vida.
    Bom domingo
    Um abraço
    Maria de
    Divagar Sobre Tudo um Pouco


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  15. Bom dia amigo Silo! Grata pela visita e o comentário em forma de poesia que deixou, gostei muito!
    Parabéns pela rima poética que descreve muito bem a importância do nosso caminhar aqui nesse plano terrestre e o rastro de amor e positividade que deixamos. Você já se imortalizou com seus lindos poemas e escritos, parabéns! Um domingo de muita paz, abraços

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  16. Muito bonito, Laerte, chega numa altura de nossas vidas que começamos a refletir mais sobre o incontestável. São aquelas perguntas sem respostas que teimamos em fazê-las. Por quê? Pra onde? Questiono sem perder a alegria de viver.
    Mas ficam tudo que fizemos; nossos textos, nossos pensamentos, nossa maneira de agir, nosso tom diferente para os que aqui ficarem, para os nossos.
    Mas o importante é a pergunta: valeu a pena? Sim, e como valeu! Nem pior, nem melhor.
    E partimos pra outra, quem sabe diferente dessa. Nem melhor, nem pior, apenas outra.
    Grande abraço, amigo.

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  17. Laerte, dou-te meus parabéns pela excelente crônica, mas coloco em dúvida esse abandono que dizes existir, bem como as demais considerações sobre a pouca importância que dizes que darão à tua morte. Mas como quem escreve esta crônica é um poeta, posso usar na defesa desta minha tese os versos de PESSOA:

    O poeta é um fingidor.
    Finge tão completamente
    Que chega a fingir que é dor
    A dor que deveras sente.


    Não terá razão Fernando Pessoa?
    Um grande abraço.
    Pedro

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  18. Este comentário foi removido pelo autor.

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  19. Estimado Laerte.
    Fiquei maravilhada com a sua auto-biografia escrita em
    excelente prosa poética, numa síntese admirável!
    Então, é admirador de orquídeas e tem a hombridade de
    confessar essa paixão... Isto diz muito do seu carácter
    e são sensibilidades que se percebem nas entrelinhas.
    E passa o testemunho com genuína alegria e dignidade,
    porém os amigos desejam usufruir da sua criatividade
    estro e talento por muitos e longos anos...
    Foi muito interessante ter dado a se conhecer um pouco
    mais e revelar-se surpreendente também em prosa poética.
    Gostei muito do texto, pelo que agradeço os deliciosos
    momentos de leitura.
    Grande abraço, poeta amigo.
    ~~~~~~~~~

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  20. Por favor, mande-me um endereço de e-mail para raul.arruda@gmail.com. Assim poderei te mandar uma cópia digitalizada de "Adeodato", do Marcio Camargo Costa.

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  21. Um poema em prosa. Um poeta que conhece as palavras e as torna o seu maior sentido de viver. Porque a Poesia é Vida.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  22. Lindo!
    O mundo continuará a girar mesmo após não estarmos mais aqui. É assim o ciclo da vida e sempre será. O que nos sobra são as memórias para aqueles a quem amamos e a eternidade da saudade.
    Beijos

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  23. Meu caro Laerte,

    Nada apaga magia da fotografia. Bela escolha. E a arte com as palavras que você o faz tão bem. E como já aprendi, recolho em vasos de chuva os teus poemas, que se derramam aqui e nos blogues dos amigos e leitores. E nada melhor que se debruçar na sua prosa poética para redescobrir que poesia é vida e só os verdadeiramente disso o sabem.
    Acolho a tua poesia e deixo um abraço caloroso,

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  24. E os poetas... deixam um universo de talento para sempre...
    E por isso, vivem eternamente...
    Um belíssimo e tocante trabalho, Laerte!
    Muitos parabéns, por esta magnífica inspiração!
    Abraço! Bom fim de semana!
    Ana

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