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domingo, 9 de outubro de 2016

DOM DINIS - O REI TROVADOR

Fonte: Internet

 

       No século XIII (09/10/1261) nasceu rei lavrador e trovador, Dom Dinis. Dinis foi quem elaborou os primeiros versos em décimas do cancioneiro português, depois das poesias trovadorescas que havia criado. Composições estas, mais tarde, desaguadas em Camões que seguindo a escola do monarca, criou narrativas excelentes a refluir na inspiração de outros poetas e trovadores, propagando-se também ao acompanhamento da lira, quando introduzida.

    Em homenagem aos grandes poetas portugueses, a partir de Dom Dinis, compus versos em arremedo a esses notáveis.  Como dizem meus conterrâneos manés, eu digo: Dinis foi o mô rei! – um homem de ampla visão, responsável pela criação da primeira faculdade portuguesa, além de incentivador à força da Marinha de Portugal. Casado com Isabel, dona do propósito à festa do Divino Espírito Santo. Evento religioso de grande veneração  em nosso litoral catarinense.



 
 REI TROVADOR
          
Autor: Laerte Tavares 

Dom Dinis, o rei que fez
De verso seu, o primeiro
Tema do cancioneiro,
O ibero-português.
E pela primeira vez
As décimas tiveram vida
Como forma concebida
Para compor um poema
Narrativo, a qualquer tema
De uma história concebida.

E desta forma, Camões,
Tal o Bernardim Ribeiro,
Sá de Miranda, e um inteiro
Grupo compunham canções
Tão belas em suas versões,
Que musicadas na lira,
Tinham por escopo em mira
O coração português
Do fado e música que o fez
Poeta que o mundo o admira.

Camões, já navegador,
Inspirado pelo rei
Dom Dinis que tinha em lei
Poesia e o navegar,
Bem mais tarde fez-se ao mar.
Portugal levou ao mundo
Um relicário oriundo
De um rei e sua cultura,
Que até hoje é uma figura
Singular de estro fecundo.

Sua verve cultural
Deixou à posteridade
A primeira faculdade
Que existiu em Portugal,
Promovendo uma geral
Reforma àquela cultura,
Também à agricultura
Que era empírica, a fez
Orgulho do português
Na obtenção do vinho.
Dom Dinis foi o caminho
E a verdade, talvez.

Depois dele surgiria
Novos poetas, e assim,
Língua filha do Latim
Meandros, conheceria
Com Camões na poesia
E outros ilustres na prosa
Onde andança se entrosa
Nessa língua portuguesa,
Revestindo-se da beleza
De Flor do Lácio, formosa.

Camões a ergueu, bem alto.
Eça de Queirós fez dela
Uma bandeira amarela,
Verde, vermelha e, num salto,
Ela transpôs-se em contralto
Musical a toda a terra,
Por fado, em Cidade ou Serra.
E a exacerbou Bocage
Em anedota ou ultraje
Quando se sentia em guerra.

E o rei dos reis dos poetas?
Grande príncipe Fernando
Pessoa se viu usando
Tal língua em obras seletas,
Deixando às segundas metas
Sua outra língua, inglesa,
Da infância, que a sutileza
Da África o fez optar,
Por bilíngue singular,
A língua que usava à mesa.

Grande Fernando Pessoa!
De tantos, o mais divino,
Digno de louros e hino
Por sua obra que ecoa
Do coração de Lisboa
Ao além-mar tão cantado
Por ele. Fernando é fado!
Dos fados, o universal
Simboliza Portugal,
E no mundo é consagrado.

E graças a Dom Dinis
O Império Português
Na poesia se fez.
Portugal é um país
Que a glória tem no matiz
De suas cores poéticas,
Aquelas rimas e métricas
Que o trovador deu aos versos,
Oportunizando universos
Às poesias ecléticas.




sábado, 8 de outubro de 2016

RODRIGO DE HARO - O ARTISTA MULTIFACETADO

    Conforme postado ontem, fomos no vernissage do ilustre pintor e poeta homenageado com glorificação, dada à quantidade de autoridades e amigos que acorreram ao apelo dos mecenas, pródigos em música, cenas teatrais, distribuição de catálogo luxuoso com as as obras expostas, além da cobertura de mídias diversas. A exposição está divina, com os quadros maravilhosos, cada um mais belo que o outro, de cores e formas impressionantes. Há dois temas singulares que formam duas coleções sui generis - os arquétipos do tarô nórdico e os signos do zodíaco. Além desses, outra diversidade de figuras. As flores são de uma tônica vibrante em cores e formas. Foi magnífica a merecida homenagem ao artista. E aqui, posto a minha contribuição.


RODRIGO, MIRANDO SUA OBRA FRENTE AO CAVALETE E PALETA


Ontem foi dia de glória
Do meu amigo de Haro,
O nosso artista preclaro
Que ficará na história
Feita a figura notória
Da arte catarinense.
Talvez, um deus que pertence
À Ilha, como elemento
Público a tomar assento
No panteão desterrense.

Além de grande pintor,
É ilustre literato
E expoente no trato
De qualquer arte em vigor
Sendo dela, um vetor
À história do seu povo,
Transformando o velho em novo
E sempre fazendo história,
Quer por trabalho ou memória 
De sua arte e labor.

Rodrigo contempla a Ilha
Com vários tipos de arte
E a sua história faz parte
Do belo, da maravilha,
Por caminhos que ele trilha
Com tanta desenvoltura.
É augusta criatura
Digna de glórias e hino.
Ele é francês por destino,
Mas brasileiro por cura. 

Ontem foi a apoteose
Ou a glorificação
Desse ilustre cidadão
Que transfere por osmose
Aos seus pares grande dose
De otimismo e amor
À Ilha, como pintor
E como o grande poeta.
Dos estetas, é o esteta
De nível superior.

Aqui deixo esta homenagem
A Rodrigo e à sua arte
Que já pertence ou faz parte
Da Ilha e de sua imagem
Além fronteira, à viagem
De abrangência universal.
Rodrigo é um imortal
Das letras e da pintura.
Então, salve a criatura
Como o artista genial.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

PRIMAVERA É FLORES E POEMAS


Acervo do artista

    Logo mais iremos, Sandra e eu, ao vernissage do meu nobre, particular e grande amigo Rodrigo Antônio de Haro, autor de inúmeras e maravilhosas obras... degustar, eu particularmente, um tinto, dada a temperatura que persiste em ser do inverno que longe já vai. Parafraseando Antoine de Saint-Exupéry, começo a ser feliz desde agora, imaginando encontros que teremos com confrades amigos. 
    Postas as flores, eis um poemeto modesto para se fazer presente os meus versinhos que têm a intensão de alegrar o mundo que estiver triste.


OLHOS CADENTES


Estes teus olhos cadentes
Que me transpassam a ternura,
Na minha alma perdura
Quais brasas incandescentes.

Aferram-me a fogo e dentes
E me marcam com a doçura  
Virginal da criatura
Que és, mas que tu não sentes.

Teus olhos são duas luas
Sonolentas como as tuas
Carícias doces de amor.

Eu sonho o luar com as duas
Brasas em chamas e nuas
A incendiar meu pudor.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O DIA DO POETA


   
    Ontem, dia do poeta, recebi cumprimentos sem o ser um, e não prestei homenagens por esquecer. Creio, contudo, que ainda está em tempo. Homenagens póstumas aos grandes poetas seriam impossíveis a tantos ilustres, então, na figura de Fernando, meu irmãozinho do peito, homenageio a todos eles. E para os vivos, homenageio os demais, na pessoa de Rodrigo de Haro, o poeta multifacetado, pintor emérito e muralista extraordinário que será homenageado neste ano – "Durante os dias 12 e 16 de outubro, quando acontecerá a primeira edição do Festival Literário Internacional Catarinense – FLIC, na Cidade de Pedra Branca. O evento irá reunir mais de 50 escritores nacionais e 7 internacionais.
    O festival será realizado na Praça Central e no Auditório do Atrium Offices, na Cidade Criativa de Pedra Branca, em Palhoça. Além de ser homenageado no festival, Rodrigo realizará um recital de poesias no primeiro dia do evento.
    Como parte das homenagens, "a galerista Helena Fretta, comemora a confirmação da exposição dos Arquétipos – O Poder da Imagem, mostra individual do artista catarinense Rodrigo de Haro (D), agendada para 7 de outubro. A expo segue até 5 de novembro, com entrada gratuita. Na programação, lançamento de catálogo e conversa com o artista e com Fabrício Peixoto, curador da exposição. "
    Vão aqui alguns versinhos desse engenheiro construtor de versos a homenagear os poetas.



OH, POETA


Poeta, neste teu dia
Aonde andaste, poeta?
Trilhaste sem rumo ou meta,
O caminho da magia?

A tua louca alquimia
Faz de ti um puro esteta
Para uma versão concreta
Da mais pura poesia,

Pois o poeta reparte
A poesia por parte
Para partilhar. E assim,

A alma dele, destarte,
É a própria parte da arte
Partida em partes, sem fim.


terça-feira, 4 de outubro de 2016

DIA DE SÃO FRANCISCO

   

 Nada mais apropriado do que este dia para postar uma crônica que escrevi ontem - é dando que se recebe, mas em contraposição, ontem recebi uma homenagem de mão única. Vejam e depois analisem porque me sensibilizei tanto. 


O DRIBLE À CAMA



         Meu filho de dez anos é um futebolista contumaz, e quanto mais treina, no apartamento, menos aprende. Joga muito bem na quadra. Ontem, num amistoso em seus aposentos, deu um drible no pé do leito em que dorme e um chute na bola acertando o espaldar da cama, que o fez rodopiar e pedir socorro. Horas depois estávamos, sua mãe e eu frente à clínica ortopédica levando-o aos exames médico e de raio X. O esculápio examinou seu pezinho direito e nos encaminhou à sessão de quatro chapas radiográficas. Teria sido apenas uma lesão grave na cartilagem de crescimento (o tenro osso em formação). Fazia-se necessária e suficiente a imobilização do pé e da perna até à altura do joelho. E de lá saímos – ele de bota branca e muletas alugadas.

O drama começaria já da porta da clínica à diante. Desde as manobras para entrar no carro, às atividades menos comuns, o pouca prática sofreu. Em casa, após o test drive, ele começou o treinamento como piloto de provas das novas muletas Mercur que, pasmem, até prazo de validade de uso elas têm. Inseguro como cachorro em canoa, o menino se equilibrava aos pinotes, com a perna imobilizada suspensa, e nas freadas bruscas, a inércia de movimento o lançava à frente para uma nova tomada de equilíbrio, mas caminhava.

No dia seguinte de manhã, à ida ao colégio, que dista apenas dois quarteirões de casa, seria uma odisseia. Foi preciso fazer um balão para deixá-lo à porta do estabelecimento para a aula de inglês, almoçar na cantina, no térreo (descer as escadas do mezanino, ajudado pela mãe a galgar...), e à tarde, tomaria o elevador às aulas regulares no terceiro piso. Eu iria ao seu socorro, na hora do almoço, com o propósito de ajudá-lo a conduzir a bandeja, ir ao banheiro à higiene bucal...

Vinte para o meio-dia, eu lá de plantão e o menino me surpreende montado às costas de um amiguinho da idade dele, mas ao contrário do meu filho magricela, o outro garoto parecia um frango de granja alimentado a fermento (no bom sentido), forte feito Hércules. Chamava-se Alexandre e o tratei de Alexandre o Magnum. Arthur saltou de suas costas, já fazendo malabarismos em uma perna só e rodopiando as muletas como bastões de artes marciais. O Alexandre Magno,  mandou-me embora, pois ele custodiaria o seu amigo, no que fosse necessário. Dito isso, já havia ao seu redor mais uns dez meninos e meninas confirmando a solidariedade e apreço ao engessado.

Perdi a caminhada ao colégio, mas ganhei um ânimo novo, confiante de que esta geração é e será mais humana; pelo menos cada uma daquelas crianças deu sua demonstração de grandeza. E no caminho de volta, não conseguia me desconectar da magnanimidade do Alexandre Magnum, da pequenez de estatura dos infantes e a grandiosidade de suas alminhas que me gratificaram a alma, ora absorta e exultante a me fazer sorrir à toa, pelas calçadas entre transeuntes anônimos que me cumprimentavam, como os velhos amigos, retribuindo meu sorriso velado. Acredito ter contagiado a muitos com a minha alegria recebida dos garotos.