Balneário Piçarras - Imag. Internet
Recebi do nobre amigo e irmão Jaime José Moura, alvissareira
matéria que me fez feliz! Jaime é genro do saudoso Lélo Macedo, ex-prefeito de Balneário Piçarras – uma pérola incrustada do coração da Enseada do Itapocoróy, que
abriga também minha pequenina pátria Armação do Itapocoróy. Na notícia sobre Piçarras, hoje administrado pelo preclaro prefeito Leonel Martins, amigo fraterno de longínqua data, consta que essa praia será uma das
seis cidades, apenas, do País a ter a certificação "Bandeira Azul" à
balneabilidade para a temporada de verão 2018/2019.
O reconhecimento veio de um programa
internacional, que promove tais certificações ambientais para praias, marinas e
embarcações. Esse feito eleva as expectativas do município para intensa atração
turística no próximo veraneio. Além da Praia de Piçarras, apenas outros seis
balneários e cinco marinas brasileiras receberam tais certificações conferidas
pela referida entidade, entre várias unidades participantes do Programa
”Bandeira Azul” por atenderem aos critérios estabelecidos pela organização
internacional não-governamental sem fins lucrativos FEE
Found ation for Environmental Education). É um certificado que muito honra
e prestigia o lugar e circunvizinhança, bem como, honra os habitantes dessa
região, e principalmente, os intrépidos homens do mar, pescadores artesanais
que tanto zelam e fiscalizam nossa estimada costa e o mar sem fim...
Para marcar esse feito em homenagem à querida cidade por onde palmilhei meus
primeiros passos, fiz um poema em décimas do Cancioneiro Ibero-português – uma
das mais antigas formas poética-literárias e universais, quase atemporais, que
tomaram corpo no séc. XII, em Portugal, com Dom Dinis – O Rei Trovador. Depois
voltaram mais intensas no séc. XVI, com Luiz de Camões em seus poemas
narrativos, vindo a se potencializar, atualmente, ao serem resgatadas como
forma literária pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que as
catapultou à voga atual, para diversas partes do mundo de línguas portuguesa e
espanhola. As décimas, os colonizadores portugueses trouxeram consigo ao
litoral catarinense como à região de Penha, centro baleeiro, e se difundiram
tanto em poemas de bendizer quanto em pasquins difamatórios. Meu tio-avô Inácio de Souza, pai de Cláudio Bersi de Souza, escritor atual com mais de
trinta livros editados, compôs algumas delas as quais meu avô materno, irmão
de Inácio, declamava-as.
Com elas eu as homenageio,
homenageio a língua portuguesa, a Academia Catarinense de Letras, entidade
pública de todos os catarinenses, que no último dia 08/11/2018, em Sessão de
Saudades, declarou vaga a Cadeira 22 que era ocupada ainda pela memória do
Acadêmico Antônio Carlos Konder Reis, cujo edital para preenchimento da vaga
será publicado pelo Diário Oficial, possivelmente no início do ano vindouro,
após formalidades jurídicas e registros em cartórios.
Na verdade, com
essas décimas, estou a homenagear, em primeiro lugar e, principalmente, à
querida cidade de Balneário Piçarras, que amamos, terra de Antônio Pires,
antigo comerciante que tanto ajudou meu pai e quantas vezes fui de boleeiro em
carrocinha de um cavalo só, buscar mercadorias em seu armazém para suprir nossa
vendinha em Armação. O armazém do rico comerciante situava-se à beira do mar,
para suprimento por via marítima, ao fim da primeira estrada de acesso à praia, que partia da rua principal, ao pé da primeira subida e depois de um enorme
banhado piçarrento onde, à época, estava aterrando (aproximadamente
1949), que seguia desde o Rio Piçarras até à travessa referida.
TOGADA DE AZUL
Autor: Laerte Tavares
Autor: Laerte Tavares
Eu já cantei Armação!
Hoje cantarei Piçarras,
Pérola de unhas e garras
Incrustada ao lindo vão
Que vai de Penha ao costão
Da Ponta do Jacques; vem
A Barra Velha, além,
Outra belíssima praia
Onde um rio lindo se espraia
Na barra que o contém.
Mil oitocentos e vinte
Auguste de Saint Hilaire
Viu Piçarras, qual mulher
Cuja beleza e requinte
Era ao homem, forte acinte
Por visão provocativa
insinuante, e cativa
Ele, e também àquela
Tripulação ante à tela
A insinuar-se à comitiva.
Do mar, aproaram à costa
Para enxergar mais de perto
Aquele porto deserto
Que aos argonautas se posta
Como uma santa proposta
Ao desembarque na areia.
Mas sentido a maré-cheia,
Rumaram para Armação
Que recebe a embarcação
Não feita uma terra alheia.
Viu Piçarras, qual mulher
Cuja beleza e requinte
Era ao homem, forte acinte
Por visão provocativa
insinuante, e cativa
Ele, e também àquela
Tripulação ante à tela
A insinuar-se à comitiva.
Do mar, aproaram à costa
Para enxergar mais de perto
Aquele porto deserto
Que aos argonautas se posta
Como uma santa proposta
Ao desembarque na areia.
Mas sentido a maré-cheia,
Rumaram para Armação
Que recebe a embarcação
Não feita uma terra alheia.
Piçarras teve um seu filho,
Filho de historiador.
Um excelente escritor
Seguidor d'atávico trilho,
Que ao cantar luz e brilho
Dessa sua pátria amada
E d’ínsula dessa enseada
De nome Itacolomy,
Cantou lenda que por si,
Faz da ilha, índia encantada.
Da Silva - Luiz Ferreira:
Chimboca, o imortal, fez
Chimboca, o imortal, fez
Lindas lendas, que talvez
Seja a história verdadeira
À alma sua, praieira,
Também filha da enseada
Onde essa Ilha Encantada
O representa num sonho
Tão sonhado; e eu proponho
Que o sonhem. Não custa nada!
Cantem Piçarras - seu mar!
Cantem como certo hino
A um paraíso divino,
Berço de luz a banhar
A linda praia, sem par
No Brasil e no exterior.
Cantem este canto de amor!
Cantem cada canto e encanto!
Cantem como canta um santo
Cantem como canta um santo
À graça de uma linda flor!
Flor do Mar – a Flor de Luz,
Flor suprema entre flores,
Cujos seus veneradores
Regam-lhe para fazer jus
Ao seu brilho, que os seduz.
Mas eles não têm ciúmes
Das cores e dos perfumes
Que a flor cede aos visitantes,
Por ser generosa, antes