Obra de Rodrigo de Haro no livro Canoa, Ventos e Mares
Rendamos homenagens
à Capela de São João Batista de Armação do Itapocoróy, pelo transcurso de mais
um aniversário a somar-se aos seus duzentos e cinquenta e nove anos!
Foto: João Afonso Martins 2019
É impossível
falar da Capela de São João Batista sem comentar as magníficas festas de junho do padroeiro “São João e São Pedro” patrono
dos pescadores. Também não é possível falar das festas sem lembrar da saudosa e
extraordinária figura do senhor Milton Fonseca, o promotor incansável dos
eventos, não media esforços para viajar às suas expensas e promover os
preparativos às realizações das festividades. Era o tenente Fonseca
expedicionário, com uma equipe de voluntários, quem levava esses acontecimentos
aos píncaros da fama e glória, com repercussões na região inteira e no
“além-mar de nossa praia”: Santos, SP, onde os filhos de Armação, intrépidos homens
do mar, e excelentes marinheiros, representavam os mais famosos e melhores
mestres de pesca do Brasil, na metade do século XX.
Também, falar
da capelinha sem mencionar o seu Tiago da dona Doca violeira e cartomante,
seria um desrespeito à história do meu tempo de infância. Seu Tiago chegava
cedo à igreja para tocar os três sinais de sino, antes do ofício. Ao mesmo
tempo, aparecia o seu Teodoro Mariano, quem comandava a ronqueira, um tipo de
canhãozinho em ferro fundido municiado com um fio de estopim que entrava à
retaguarda do obus, por orifício à câmara de explosão carregada de pólvora,
pela boca. Sobre a pólvora, uma bucha de papel amassado se assentava complementada
por barro, pedaços de tijolos, cacos de telha, cerâmicas quebradas, que densamente comprimidos esses
materiais, através de um tarugo de madeira martelado, davam fixação perfeita a
obturar a câmara com a pólvora
comprimida e hermeticamente fechada. Quando aceso o estopim, o artilheiro afastava-se
do local, deixando o petardo semienterrado onde o solo absorvia o coice da
explosão ouvida à distância, a avisar os fiéis ser tempo de festa. Depois, com
uma enxada, seu Teodoro cavava o terreno a procura da ronqueira que se
enterrava completamente, para o próximo tiro.
Na Capela São
João Batista, eu fui sacristão e aprendi com o senhor Milton Fonseca toda a
linguagem, ao ritual litúrgico, em latim, idioma em que eram celebradas as missas
e outros santos ofícios. Por falta de
coroinha, seu Milton era quem ajudava os celebrantes nas missas, antes de mim.
A SECULAR CAPELINHA DE SÃO JOÃO BATISTA
DE ARMAÇÃO DO ITAPOCORÓY
Alva, ao alvor das construções caiadas,
Cor creme claro em suas aberturas,
Ela é a sublime imagem de canduras
Das virginais e doces alvoradas.
A Santa Cruz do tempo das Cruzadas
Continha aos braços símbolos da dor
De Jesus Cristo, Deus Nosso Senhor,
E frase escrita: “Salve tua alma”.
A vertical da haste qual uma palma
Mirava o alto e dava ao céu louvor.
O nauta que a vê do mar,
Sente a água ir a declive
Beijar outeiro em aclive
Onde há um patamar
Com a capela a contemplar
Magnífica enseada
Sempre com frota ancorada,
De médias embarcações
Que bailam em saudações
A ela, ao alto situada.
E a capela olha a baía
Qual Praça do Vaticano
A cercar o oceano
Em logradouro, à homilia;
Da Barra Velha à Vigia
Faz do mar redonda praça,
Mas seu olhar a ultrapassa,
E altivo o pousa na Penha,
Para a qual, orando, empenha
As suas bênçãos e graça.
Merecida homenagem à essa linda capelinha! Beleza de carinho pelos 259! abraços, linda semana,chica
ResponderExcluirOs meus parabéns pela efeméride da Capelinha, assinalada
ResponderExcluircom todo o carinho por si.
Gostei de conhecer um pouco da história da localidade e
do seu envolvimento com os guardiãos dessa Casa Santa.
O soneto que acompanha a gravura é amoroso, aliás, como
todas as frases desta publicação.
Hoje publiquei um soneto a respeito da Terra...
A sua opinião é importante...
Dias revigorados e aprazíveis.
Abraço, Amigo.
~~~
... guardiões, desculpe o lapso, Laerte.
ExcluirPreciosa capilla con un entorno maravilloso que vas describiendo con tus hermosos versos de homenaje.
ResponderExcluirUn placer la lectura. Un abrazo.
Não sendo crente, gosto de visitar capelas e igrejas
ResponderExcluirQuem sabe um dia não visito esta?
Abraço
O património cada vez mais em risco e a pedir protecção.
ResponderExcluirAquele abraço
Que singela e grandiosa!
ResponderExcluirTodas as bênçãos.
Um abraço.
Bom dia, Laerte!
ResponderExcluirAntes de comentar, dei uma passada na página do blog no Face Book. Fui pelo link.
Que delicada homenagem à capelinha... e seus versos são tão bonitos e detalhados, como imagino a homenageada.
Poderia citar outros versos que me encantaram, como os que descreve a cor, o creme claro, mas foram estes (E a capela olha a baía
Qual Praça do Vaticano
A cercar o oceano) os que me mais me emocionaram. Falaste da Capela como se ela fosse uma pessoa...amei!
Quanto à história da capelinha, gostei de conhecer os guardiões, como citou a nossa amiga, Majo!
Um abraço, meu amigo...vou colocar seu blog na minha blog roll para saber sempre das suas publicações.
Adorei a informação :))
ResponderExcluirHoje:-Quando o sol brilha em desalento.
Bjos
Votos de uma óptima noite
Belíssima Narrativa. Adorei.
ResponderExcluirContinuação de Boa Páscoa
Abraço
Una bella capilla esta de San Juan.
ResponderExcluirAquí los pescadores tienen como patrona la Virgen del Carmen, claro que San Juan y San Pedro lo fueron por lo que veo lógico sean sus patronos.
Saludos.
Linda capela!
ResponderExcluirGostei da homenagem. Poderia ter mais fotos, mas ficou lindo!
Hay imágenes icónicas, que se arraigan distinguen en costumbres e idiosincrasia a los pueblos. Lo es esta arquitectónica belleza de capilla de San Juan bautistas de Itapocoroy. Por eso la razón de tus versos, que destacas en esta entrada de prosa y verso, a esta reliquia religiosa, emplazada mirando a la bahía. UN abrazo. carlos
ResponderExcluirAmigo Laerte
ResponderExcluirFoi com imensa alegria e comoção que li os versos lindos que me deixou, por altura do meu aniversário. É bom ter um amigo assim!
Ao ler agora o seu texto, fico grata por me dar a conhecer tanto da história religiosa e costumes tradicionais do seu Brasil.
Uma capela muito bonita e uma soberba descrição das festas em sua honra!
Continuação de uma excelente semana.
Um abraço
Beatriz
Olá, querido amigo Laerte!
ResponderExcluirMto obrigada por sua visita e tão bonito, mas exagerado comentário.
O seu post vibra de emoções. É você lembrando seus tempos de infância, tal como figuras carismáticas da época desse lugar, que era belo e alegre e provavelmente ainda é, mas os tempos mudaram.
Belo poema, não em forma de soneto, de homenagem à capelinha de S. João Batista da Armação de Itapocóroy.
Gostei das fotos todas, mas sobretudo da ronqueira, que não conhecia.
Abraços e dias felizes.
É impossível falar da Capela de São João Batista sem comentar as magníficas festas de junho do padroeiro “São João e São Pedro”
ResponderExcluirOlá, querido amigo
Cá em Portugal também temos um mês de JUNHO cheio de festas dos Santos!
Muito obrigada por sua visita e comentário.
Gostei das fotos, obrigada pela partilha.
Para quem "pensa" que não faço férias "cá dentro",
tenho dois posts novos sobre o ALENTEJO.
Na minha visita ao Alentejo tinha o objectivo de ver recintos megalíticos pois aquela zona é farta de monumentos megalíticos, mas... aquele que consegui mesmo ver e estar perto foi o MENIR da BULHÔA
http://meusmomentosimples.blogspot.com/
e
http://momentos-perfeitos.blogspot.com/
Beijinho, Tulipa
Uma capela interessante e com história.
ResponderExcluirGostei do texto, nomeadamente do poema.
Caro Laerte, um bom fim de semana.
Abraço.
ResponderExcluirOlá Laerte, gostei do seu carinho por essa capelinha, monumento na sua simplicidade repleto de memórias da infância, das tradições, das festas, do convívio das pessoas :)
as energias são muito positivas !
continuação de uma boa semana Laerte, sempre com a sua maravilhosa inspiração para as belas e poéticas palavras:)
abraço
Angela
https://poesiesenportugais.blogspot.com/
Adorei ler e conhecer um pouco acerca desta Capela de S. João Baptista! No meu concelho o dia de São João é festejado a 24 de Junho que é o nosso feriado municipal! Aqui há uma grande festa com marchas populares, sardinhas na brasa, vinho! A noite de São João está associada ao amor, aos namorados e antigamente as raparigas metia sortes ao sereno, costumes engraçados para tentar adivinhar o futuro e o nome do futuro marido! Quando chegar a Junho estou a pensar em escrever uma publicação sobre isso no meu blog! Um abraço. Micaela
ResponderExcluirUma delicia ler estas tuas lembranças e um pouco da história da festa de São João Batista comemorada junto com a de São Pedro, muito bom voltar a estas lembranças, de uma época em que tudo parecia ser mais puro, adorei teu poema que fecha com chave de ouro ao afirmar que de lá suas emanações de fé a todos protege mesmo além mar. abraços
ResponderExcluirUm delicioso e comovente pedaço de História. Duzentos e sessenta anos é realidade que deve ser acarinhada, como muito bem é feito neste Post.
ResponderExcluirParabéns pela tradição que se sabe manter.
Abraço
SOL
A capelinha é bonita e a homenagem está à sua altura.
ResponderExcluirUm detalhe, o Laerte tratou-me por duas vezes por Amélia mas eu chamo-me Elisabete (não faz mal).
Um abraço.
Caro Laerte, não tem nada que pedir desculpas. Eu sabia que me estava a confundir com a minha amiga Amélia. Sempre que vou a Lisboa, combino sempre com ela. Conhecemo-nos através dos nossos blogues.
ResponderExcluirUm abraço grande.
Olá Laert. Gostei da carinhosa homenagem a capelinha de S. João Batista, em Portugal no mês de Junho também comemoramos os Santos Populares, Santo António, S. João e S. Pedro.
ResponderExcluirUm abraço, uma excelente semana.
Boa noite, fiquei encantada com tua interação, lembrei-me do Recanto das Letras quando interagíamos uns com os outros, agradeço de coração e agora te conto que editei a postagem colocando teu belo poema, se não gostar é só me falar que retiro. Mais uma vez obrigada pelo presente.
ResponderExcluirOlá, gostei muito desta homenagem à capelinha de S.João Batista. Cá em Portugal em junho também o comemoramos e aqui no Porto (Portugal) temos um dia de festa extraordinário. Obrigada pela visita.
ResponderExcluirBeijinhos
Carla
Blog: Guloso qb
Venho agradecer os simpáticos versos no meu blog.
ResponderExcluirObrigado.
Um abraço, continuação de boa semana.
Caro Laerte,
ResponderExcluirlembrei-me da maneira delicada como trata do assunto dessa capelinha como se fosse um cofre que guarda a palavra de Deus e as memórias e rituais do tempo da infância :)
então se um dia vier a Portugal, poderá gostar de visitar a região do norte onde existem várias rotas do Românico, e as igrejinhas que as compõem construídas nos séculos XI, XII, XIII, a seguir à Reconquista :)
https://www.youtube.com/watch?v=9yzrSfWInNI
https://www.youtube.com/watch?v=Zc-HXjEQGks
um tempo em que os eclesiásticos transportaram o conhecimento que existia para os séculos seguintes!
felicidades,
Angela