Balada, cantada ao som dos alaúdes - Imagem internet
Mais uma incursão literária de meu espírito atrevido, mas não insolente, no âmbito da poética – querendo ele compor uma balada, e com o amparo da razão, colocamo-nos em campo de prova.
Balada, conforme descrito, é um poema estruturado de forma fixa com vinte e oito ou vinte e nove versos, distribuídos em três estrofes de oito versos (oitavas) e uma estrofe de quatro (quarteto) ou cinco (quintilha) versos. A última estrofe tem o nome de oferenda ou ofertório, porque nela o poeta oferecia sua composição a alguém ou fazia um pedido, normalmente de relacionamento. A estrutura métrica, quase sempre, era de versos octossílabos e as rimas cruzadas. Havia no conjunto, ainda, o paralelismo que seria a repetição de um mesmo conceito nos versos finais de todas as estrofes.
Essas formalidades começaram a partir do século XIV, na França, principalmente com Villon, e na Alemanha com poesias narrativas folclóricas ou tradicionais. Já no século XIX, Chopin usou o título BALADA em quatro obras suas, ao piano. No entanto, bem antes, os cancioneiros da Idade Média compunham baladas em forma de canto, acompanhados de coreografias e recitações líricas ao som da lira ou alaúde, mas sem rigidez na composição.
No Brasil, a balada teve maior prestígio na poesia parnasiana quando se procurava retomar ou reviver as formas fixas, abandonadas pelo romantismo. Olavo Bilac compôs excelentes poemas baseados inteiramente nesse estilo literário. Depois, outros poetas as compuseram, mas já de maneira livre, sem as formalidades do início - que eu ainda não aprendi a apreciar. Modernistas a exemplo de Osvaldo de Andrade, as fizeram arbitrariamente. Vinícius de Moraes pautou suas baladas no meio termo, obedecendo parte da forma fixa, compondo excelentes poemas (ao meu gosto); uma das que aprecio, intitula-se BALADA DAS MENINAS DE BICICLETA.
Para testar minha verve anã e pachorra, gigante, compus um arremedo de balada dentro das formalidades, evidentemente com erros que meu saber não alcançou para corrigi-los. Espero que esse exemplo, mesmo sem poesia, sirva para elucidar os leitores ao exemplo do tema, e confesso que a empreitada me serviu de exercício “anti-alzheimer”. Portanto: Dever cumprido!... Apesar de não querer molestar o leitor – espero que gostem.
BALADA
À CAROLINA
Enxerguei
a Colombina
Em
trajes preto e amarelo
Com
certo olhar de grã-fina,
Mas
de um sorriso tão belo
Que
a sua aura ilumina
Este
Arlequim sonhador.
Prende-se
a minha retina
E à
alma plena de amor.
Nós
dançamos. Por rotina,
Dançou
ela. Em paralelo
Eu
namorava a menina
Com
a paixão que revelo
Ter
pensado até ser sina,
Pois
seu olhar sedutor
Misturou-se
à serpentina
E
incendiou-me de amor.
Sem
a máscara malina
Vi a
flor, cujo labelo
Em
lábios se descortina
Como
os de um anjo singelo,
Dando
o nome, Carolina,
Feita
uma mulher em flor
Ou flor
humana e divina
Qual
ramalhete de amor.
Carolina,
por favor!
No
Carnaval és a amada,
Sê
amante! A rigor
Tu
és a minha alvorada.
São
teus meus raios de amor!
O que eu aprendi com este post...
ResponderExcluirPara além de apreciar o magnífico exercício poético da balada à Carolina.
Laerte, um bom fim de semana.
Abraço.
Oi, Laerte!
ResponderExcluirMaravilha de aula e que exemplo!
Poesia, poesia, sim! A sequência, delícia de versos!
Beijos! =)
Olá, Laerte!
ResponderExcluirObrigada pelo seu comentário.
Gostei muito da sua balada , da sua grande musicalidade.
beijo
Nina
O saber não ocupa lugar e daqui levamos cultura!
ResponderExcluirMaravilhoso meu amigo, grato pela sua sublime delicadeza para com as palavras.
Abraço
Olá amigo poeta, primeiramente grata pela visita e o comentário que deixou lá no meu blog, serás sempre bem vindo.
ResponderExcluirQuanto ao seu poema e a introdução, devo dizer que nada mais é do que uma linda pérola de um grande poeta. Seu espírito não é atrevido, é poético. parabéns!
Amigo lhe convido a conhecer meu outro blog e se gostar seguir, será um prazer.
http://filosofandonavidaproflourdes.blogspot.com.br/
http://professoralourdesduarte.blogspot.com.br/
linda balada! Beleza! abraços praianos, chica
ResponderExcluirUma bela balada, parabéns! :) Bom fim de semana.
ResponderExcluir--
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Ola,
ResponderExcluirAprendi bastante com esse post.
Adorei a sua Balada.
Bom final de semana
beijos
Gostei demais de recuperar o conceito de balada, Meu caro Laerte. Sobretudo da Balada à Carolina. Um belo exercício poético.
ResponderExcluirSem querer confundir uma balada que não é balada no sentido aqui trabalhado, trouxe um poema que leva o título de Balada de Antonio Brasileiro:
Balada da Paixão
Enquanto os cavalos pastam
a lua se despenteia.
A águas do lago plácidas
refletem suas ancas cheias.
Lançam-se os cavalos à água
a lua trêmula alteia.
Crinas equídeas cavalgam
as ondas - mortas na areia.
Forte abraço, meu caro Laerte!
Um post muito instrutivo. Eu não sabia nada de de sobre a composição de baladas.
ResponderExcluirE gostei de ler a balada.
Um abraço e bom fim de semana
hahaha, que ideia ótima dessa postagem, Laerte! Como não aprender?
ResponderExcluirAchei sua balada muito interessante, fui acompanhando os compassos, o ritmo. Qualquer Carolina que por aqui aparecer vai amar sua balada!
Grande abraço, meu amigo! Ótimo!!
Olha que boa aprendizagem! E que bela balada!
ResponderExcluirAbraço amigo Laerte!
http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt
Gosto de baladas, e até diria que gostei sempre.
ResponderExcluiragora posso dizer que fiquei a saber bastante mais daquilo que intuía saber.
Agradecido quedo por isso.
Um grande abraço
Confesso que baladas não fazem bem o meu estilo!
ResponderExcluirGostei de conhecer o blog!
Bjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Devo ter aprendido na escola, mas já não me lembrava da definição de balada e gostei desta balada
ResponderExcluirum beijinho e uma boa semana
Bem criativo e educativo o seu espaço...adorei!
ResponderExcluirAbraços meus nesse começo de semana.
Olá, Laerte
ResponderExcluirNão sabia nada sobre a feitura de baladas.
Reconheço que é um exercício que requer arte
e talento.Resultado: Gostei muitíssimo.
Muito obrigada, meu Amigo.
Abraço
Olinda
Laerte, obrigada pelo seu adorável comentário.
ResponderExcluirPela primeira vez na vida me oferecem um soneto. A sensação é gloriosa.
Beijo
Bom dia amigo Laerte, grata pela partilha, eu nunca havia lido sobre a forma de compor "Balada". Em tudo que há metrificação sinto um travamento brutal da inspiração.
ResponderExcluirAbraço!
Muita criatividade. Gostei da balada a Carolina.
ResponderExcluirContinuação de boa semana Laerte.
Abraços!
Meu amigo Laerte, ao teu excelente poema, "Balada", antecede um texto importante para quem é estudioso da poesia em todas as suas épocas, e de modo especial para quem se prepara para o vestibular de Letras ou outros, onde é exigido dos concorrentes conhecimento da poesia, no período Colonial, em que é uma das expressões Gregório de Matos, a técnica da escrita da poesia com métrica literária, em soneto e versos em que também a rima é obrigatória juntamente com outras figuras poéticas, dentre elas a metáfora, até a Semana da Arte Moderna, em 1922, em São Paulo, que possibilitou "o verso livre" e tornando rima facultativa. Parabéns pelo texto e pelo poema.
ResponderExcluirUm grande abraço.
Pedro
Uma bela balada! Parabéns!
ResponderExcluirBjs
Encantada com essa postagem! A introdução nos revela grandes e preciosos conhecimentos sobre a estrutura e composição da balada e a sua Balada à Carolina é lindíssima! Em cada verso vejo e sinto a poesia pulsando forte. Beijos carinhosos, Lúcia Silva!
ResponderExcluirRegressado de férias passo para deixar um abraço
ResponderExcluirVoltei, meu caro Laerte, para degustar mais uma sábia lição (nova). Reli sobre a balada e aproveito para deixar um abraço,
ResponderExcluirCultural e poético.
ResponderExcluirMaravilhosa balada.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Feliz de quem
ResponderExcluirpode levar os raios
de amor
a alguém que é
ao mesmo tempo
a sua alvorada...
Abraço Laerte...
Aluísio Cavalcante Jr.
Olá, estimado amigo Laerte!
ResponderExcluirJá tinha pensado em você, mas estou em semi pausa bloguística, mas a partida aos 32 anos de nossa querida amiga Leninha, me fez voltar ao blog para uma merecidíssima homenagem. Agradeço tuas carinhosas palavras lá no blog.
Gostei mto de ler a História da Balada, através dos tempos, pesquisada por ti. Tenho formação académica superior em História, e portanto fiquei que "nem peixe na água", como vulgarmente se diz.
Sabes que gostei mto da Balada, que construíste? É mesmo Balada, sem tirar nem pôr, e como não poderia deixar de ser fala de amor. Ah, a bela Carolina será, sempre, uma amante a rigor, e não só no Carnaval, não. Agora, só falta musicá-la. Lamento não saber musicar letras, mas até parece que estou ouvindo já a música, os acordes, para tua excelente composição e tenho certeza que Alzheimer, se pensou vir, algum dia, te visitar, já desistiu.
Beijo e boa semana.
Gostei de conhecer e sua Balada é belíssima.
ResponderExcluirBjs
Laerte
ResponderExcluiruma postagem muito instrutiva e a sua balada é melodiosa e você tem muito talento.
deixo um beijo
:)
Um belo trabalho, para despertar a curiosidade (a quem é curioso).
ResponderExcluirQuanto à balada, está feita a contento, amigo Laerte. Falta puxar do violão e ir, à noite, cantá-la à janela certa.
Abraço.
Olá Laerte, obrigada por sua visita no meu cantinho!
ResponderExcluirTornei-me tua seguidora, adorei seus posts, Literatura é comigo mesmo hehehe...
Linda tua balada, parabéns!
Abraços bom fim de semana! Larissa
A empreitada a que te propuseste não ficou nada mal!!! Como dizes, é muito importante exercitar o cérebro para composições formais, faço isso, de vez em quando.
ResponderExcluirBjinho
Vim de poema em poema e sempre aprendendo ou recordando. Explicas e exercitas. O teu blogue tem mesmo muito interesse, caro Laerte.
ResponderExcluirBeijinho e bem hajas.