Obra de Angel San Martim Varina portuguesa
Pombeiro da antiga Desterro (Florianópolis) - fonte: Portal Floria Centro
(...)
Depois de seco e empilhado
O pescado ia ao consumo
Com porções, a cada rumo,
Dependendo do mercado.
Vendido no atacado,
Também aos comerciantes
Que cotavam o preço antes
De obter mercadoria.
E, no final, ele se ia
Por pombeiros – ambulantes.
O pescado ia ao consumo
Com porções, a cada rumo,
Dependendo do mercado.
Vendido no atacado,
Também aos comerciantes
Que cotavam o preço antes
De obter mercadoria.
E, no final, ele se ia
Por pombeiros – ambulantes.
Trecho do
livro: Ilha de Idílios
Conhece-se o pombeiro como uma figura folclórica dos Açores e do litoral de Santa Catarina. Sujeito ambulante que comercializava de tudo: peru, pomba, galinha, fruta, hortaliça, e no nosso litoral, principalmente, peixes dos mais diversos. Existiam também as varinas, em Portugal, mulheres que transportavam o produto em canastras ou cestos rasos sobre a cabeça protegida por um arco de tecido improvisado com um lenço enrolado. Aqui, o pombeiro percorria as ruas carregando aos ombros um cambão, vara que sustentava, em cada extremidade, uma balaia pendurada por cordoalhas. Os cestos eram cheios com porções iguais no peso, para dar equilíbrio à carga, facilitando a locomoção do vendedor no anúncio e nas vendas dos seus produtos, às portas. Havia alguns pombeiros que possuíam burros de cargas, e nos cestos ou serões dispostos nas laterais da cavalgadura, transportavam a mercadoria. Pelas ruas anunciavam, em voz alta, a natureza do que vendiam. Sabe-se até que um deles, meio atrevido, certa vez se deu mal ao anunciar: "ovo e uva boa", frente à casa de uma recente viúva.
Na verdade, ainda hoje há um pombeiro que passa pela minha rua vendendo camarão, transportado em baldes plásticos. Sou do tempo em que camarões eram comercializados pelos próprios tarrafeadores que saiam às ruas com os samburás cheios e os vendiam por cambulhões, porções resultantes das coletas possíveis desses crustáceos pegos, aleatoriamente, pelas barbas. E, ainda gratificavam o comprador com uma inhapa – que seria uma porção a mais do produto – como um agrado ao freguês.
Mais tarde, para quantificar o produto, começaram a medi-lo pelo volume de uma latinha de azeite destapada, que afirmavam pesar um quilo. Caso o freguês dissesse que o camarão era graúdo só na parte de cima do samburá e miúdo por baixo, o vendedor fazia uma demonstração engenhosa para ludibriar o desavisado. Levava a mão espalmada até o fundo do cesto, mantendo cuidado de prender na forqueta do polegar e do indicador, um camarão graúdo de cima e, ziguezagueando com movimentos para baixo, a desviar de esporões, trazia-o facilmente para cima. Finalmente, dizia: Táx vendo teimoso, como eu não minto!...
O saber não ocupa lugar.
ResponderExcluirGostei do que aprendi por aqui.
Abraço
Bom dia poeta! Aqui na região nordeste essa prática até hoje é muito usada, principalmente em pernambuco.
ResponderExcluirDesejo um dia azul!
Abraços!
Acho que faz muito bem, Sr. Laerte.
ResponderExcluirPor vezes, não temos tempo para procurar coisas novas e nestes blogues encontramos sem muito trabalho.
Segui de volta. Beijinhos.
Não conhecia essa figura, o pombeiro. Mas manhas de vendedor sim.
ResponderExcluirUm abraço e obrigada por este texto tão interessante.
Não conhecia este termo pombeiro e é sempre bom aprender um pouco mais.
ResponderExcluirUm abraço.
Élys.
Um post bem didático, não conhecia o termo pombeiro.
ResponderExcluirObrigado pela partilha
Um abraço
Maria
Meu amigo Laerte a tua crônica, Saudades dos Pondeiros, vem resgatar uma forma de comércio com a qual as pessoas que moravam no litoral catarinense a ela se habituara e dela não prescindia. Os espertos trabalhadores pondeiros levaram até as portas das casas o essencial para um bom almoço ou jantar. A presença deles nas ruas, dava mais vida às pequenas cidades.
ResponderExcluirUm pouco de lembrança, Laerte, dos tempos mais calmos é sempre lenimento para nós, que vivemos dias violentos. Parabéns pela excelente crônica.
Um grande abraço.
Pedro
Laerte não conhecia! Já vou daqui mais rica hoje! Ainda por cima com origem nos açores, terra da minha família materna.
ResponderExcluirNem a propósito de pesca deixo-lhe aqui o link do molho béchamel para que o Laerte e a sua esposa possam fazer o bacalhau com natas: http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/2014/08/molho-bechamel.html
Espero que gostem!
Um excelente fim de semana!
http://asreceitasdamaegalinha.blogspot.pt/
Oi, Laerte! É um pais continental esse nosso, não sabia dos pombeiros, e teu Estado é vizinho do meu. Mas uma coisa todos conhecemos, é geral: a malandragem do brasileiro, rss... Os grandes e lindos camarões em cima! E o homem catava um lindo lá do fundo. São histórias até divertidas que apesar de sabermos, achamos divertido.
ResponderExcluirPor aqui oferecem comidinhas prontas, pastéis, bolinhos, sanduíches, caipirinha, cervejas, sorvetes, etc. E as roupas do nordeste que fazem a alegria de muitos. Gostei da obra de Angel San Martim.
Um abraço daqui dos pampas, amigo!
Olá amigo, que bom ler esta postagem um tanto quanto saudosista e de informações de costumes desta terra tão vasta. Por ser mineiro convivi bem com estes mercadores que por lá chamavam de mascates, ora usando suas mulas com balaios, ora com balaios à cabeça e também os samburas em varas. Por lá as verduras, frutas de época e algumas caças eram comercializadas. O famoso queijo de Minas eram vendidos por estes enrolados em folhas da bananeira. Ainda hoje por várias cidadezinhas de Minas ainda temos a presença deles, como escoadores da produção na roça.
ResponderExcluirGostei amigo.
Um bom feriadão para folia ou para um bom descanso.
Meu terno abraço.
Amigo Laerte, fico sempre fascinada e muito mais rica culturalmente com as suas crónicas.
ResponderExcluirTodos os países e regiões têm ou tiveram costumes que lhes dão a sua singularidade.
Um beijinho grato
Obrigada pela visita em modo retribuição e aproveito para aprender. Não conhecia. Por aqui, no meu rural, havia o amola-tesouras, o pesquito e o leiteiro. Outras havia tb mas mais comuns. O boieiro tb era conhecido e característico do Funchal. Atenciosamente da existem borracheiros.
ResponderExcluirOs blogues servem mesmo para isto: uma troca de cultura entre os pares.
Kis :=}
Já não temos vendedores ambulantes, nem nas ilhas, nem no continente... Temos comércio de chineses em lojas e de ciganos em locais próprios, são obrigados a ter licença camarária e a pagar o espaço...
ResponderExcluirOs últimos vendedores ambulantes carismáticos que recordo da minha juventude foram as varinas de Lisboa, os pregões matinais e os ardinas crianças que vendiam os jornais.
Os pregões matinais, vendiam de tudo e não deixavam ninguém perguiçar um pouco na cama... Aquilo é que era apregoar em alto e bom som!
As varinas pregoavam «ÓÓÓÓÓ vivinha da coooosta! Está a saltar, está vivinha, vizinha!»
Os ardinas berravam «OOOOOlha o Coméééércio, notícias frescas!»
Gostei de saber dos costumes que ainda vão vigorando pelo Brasil...
Tudo passa... tudo passa...
Uma excelente semana, Laerte.
Abraço cordial.
~~~~~~~~~
Antes de mais obrigado pela visita ao "Figueira Minha" e um obrigado também por me trazer até ao seu "Silo Lírico"!
ResponderExcluirE o mais engraçado é que estive nos Açores de férias o ano passado e por causa das vacas mais felizes do planeta, não ouvi falar nos Pombeiros!
Deixo o meu abraço, esperando que dê continuidade às suas visitas.
Foi muito interessante ler a sua crónica. Reconheço a minha ignorância, pois nunca tinha ouvido o termo "Pombeiro".Por isso, saio daqui mais rica :)
ResponderExcluirUm abraço, Silo
Não conhecia a figura do "Pombeiro". Chamava-lhe vendedor ambulante. Gostei de o ler porque aprendi algo aqui...
ResponderExcluirUma boa semana.
Beijo.
Um post muito interessante pela evocação de velhos tempos, que nos deixam sempre saudade.
ResponderExcluir(obrigada pela visita ao Quarteto e pelas opiniões! a obra é uma paixão de sempre!)
Não conhecia o termo pombeiro. Por cá também ainda há vendedores ambulantes que passam com pão, peixe ou fruta. Até congelados. Mas usam furgonetas. Na minha infância os vendedores de peixe passavam de motorizada.
ResponderExcluirQuerido Laerte.
ResponderExcluirPassando para agradecer o teu carinho em versos...
Te respondi lá. Desculpe-me pela a demora. . Muito obrigada mesmo!
Muito enriquecedor ler-te, meu caro. Levando o teu link para em breve voltar.
Forte abraço!
Confesso que não conhecia o termo pombeiro.
ResponderExcluirr: Muito, muito obrigada!
Obrigada pelo seu comentário. Seja muito bem vindo ao meu blogue.
ResponderExcluirFico também como sua seguidora.
Beijo
Meus prezadíssimos amigos( e amigas - espero que se subentenda), agradeço penhoradamente todas as manifestações nos comentários seus à postagem presente que fiz, visto ter aprendido muitíssimo e tido a grata atenção de tantos com tanto carinho. Gostaria de responder a todos e a cada um, mas com dificuldade para tanto, respondo a todos. Esperando o pronto entendimento, felicito-vos e os agradeço, com meu abraço cordial. Laerte.
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