A PANDEMIA E O NATAL 2020
Vivemos um ano atípico e sui generis em que a quarentena nos fez escravos do lar, sedentários e comilões, mas arejou nossas cabeças, dada a mente transitar por caminhos antes não trilhados, deixando o espírito mais receptivo ao bem diante da constatação de nossa enorme pequenez. Sim, creio que o humano ser melhorou em muitos aspectos, porém exacerbou nos sete pecados capitais: gula, avareza (compulsoriamente), inveja (do passado), ira (irritação com os familiares amados), soberba ou vaidade, luxúria e preguiça.
Lawrence George Durrell, autor da tetralogia Quarteto de Alexandria, dizia que o homem é uma vaidade sobre um par de pernas. Nunca tive noção exata dessa assertiva, só podendo constatar durante esta prolongada quarentena junto a alguns queridos amigos e conhecidos, nos momentos em que até se presenciava alguns cultos ao ego. Seria a síndrome do apagão individual quarentenário que reprime o ser para a explosão do ego na necessidade de aparecer a qualquer custo ou pretexto? E à sombra da estatura desse ser ante os percalços causados pela pandemia, não perdoando o destino, ele blasfema maldizendo a sorte, sob todos os aspectos, pelos estorvos a tolher-lhe às festividades de final do ano?... Sempre se ouviu a humanidade reclamar por falta de tempo. E, agora?... Em casa... No máximo em “Home Oficce”? O que dizer? O tempo de “Chronos” poderá passar ao largo, aquele que às vezes nos oprime com seu peso de “velocidade inercial”, mas o tempo de “Kairós” a representar gozos, regozijo e sonho, é precioso... Considerando que a pandemia matou muita gente e continua matando, em situações dramáticas e lamentáveis, é entristecedor esse tempo. Porém, jamais me deixei levar por devaneios histéricos. Assim, meu Natal será Natal como sempre foi - em casa com a família, apenas.
Natal triste, em pandemia?
Não! Porque o Natal é luz.
Sinto o Menino Jesus
Mais próximo a mim, diria.
E vejo a Virgem Maria
Na minha sala, onde a pus
No presépio a fazer jus
À estrela que a alumia,
Mais minha mãe; O Menino,
Mais fraterno! Por divino
Sinto-me, na quarentena
Com a Família Sagrada.
Dentro do ser há em cada
Um, o ser de amor nessa cena!
UM PRESENTE CELESTIAL
Neste ano, especialmente,
Deus nos oferta ao Natal
Fenômeno celestial
Como um divino presente
De um alinhamento aparente:
Saturno e Júpiter em astral
Conjugação natural
Formam, ao céu, um só ente
E pode-se ver ele bem
Como a Estrela de Belém
Que guiou os três reis magos.
É um mimo feito de luz
Com o qual o Menino Jesus
Faz, ora em nós, seus afagos!
NATAL
Quando é dezembro, o calor
Traz a cigarra e o seu canto
De encantamento ou encanto,
Como se uma festa de amor!
Na atmosfera há um torpor
Na luz parecendo um manto
De brilho e paz. Entretanto,
Há uma profusão de labor.
Labor festivo, também!
É um advento, o qual tem
Grande esplendor que, ao final,
Ilumina a alma e vem
Do Altíssimo – do além
Anunciando o Natal!