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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

ANIVERSÁRIO DE BOCAGE


                                                   imagem - Internet

    MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, poeta português nascido em 15 de setembro de 1765. Considerado um dos mais importantes do século XVIII, talvez o maior representante do arcadismo lusitano, que apesar da fama de grande satírico e improvisador, possuía uma obra que o consagrou como um dos melhores sonetistas líricos de toda a literatura portuguesa.
Na infância, Bocage já apresentava pendor para a poesia. 
Nas suas palavras: “Versos balbuciei com a voz da infância”.
Bocage soube versejar de diferentes maneiras, mas, segundo literatos do mesmo estilo, o soneto foi o que o identificou como “o melhor de todos em Portugal, incluindo Camões”. Em 1790, pela fama de improvisador, Bocage foi convidado a aderir a Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, em que assumiu o pseudônimo de Elmano Sadino. Ao passar do tempo, acabou por se saturar daquela atmosfera de mediocridade e passou a escrever ferozes sátiras contra os confrades da "triste, malfadada Academia" que Elmano tanto satirizou. Chegando a ser expulso.

                                       BOCAGE 

Boca de língua ferina,
Pena de gume tirano,
Verve que só teve Elmano
Foram a Bocage, a sina.

Sua verve foi divina
O seu criar soberano,
Quer no sagrado ou profano,
Sua arte uma doutrina.

Um viva ao grande satirizador!
O rei dos vates de maior valor,
Gozando a vida quase o tempo inteiro.

Como poeta de pouco pudor,
Afirmou um dia ser um ganhador
Que amou (...), comeu, bebeu sem ter dinheiro.


Um comentário:

  1. Via e-mail recebi este comentário co meu dileto amigo José Afonso Guerreiro, que achei maravilhoso. (E adorei o verbo ensilar = armazenar no silo.): Meu Bom Amigo : - Hoje, ao folhear o S/ Silo Lírico, encontrei, entre outros "ensilados" de fina verve, S/ homenagem ao poeta Bocage na qual o confirma como um dos melhores sonetistas de toda a literatura portuguesa, incluindo Camões,com o que estou de perfeito acordo. - A propósito vou transcrever, de memória, um soneto dele, que talvez não conheça, e no qual ele se mostra arrependido de s/ língua impiedosa no que tange à`s/ formação profana :

    Já Bocage não sou,
    À cova escura meu estro vai parar desfeito em vento,
    Eu, aos céus ultrajei,
    O meu tormento leve me torne sempre a terra dura.

    Conheço agora, quã vã figura,
    Em prosa e verso fez meu louco intento,
    Musa, tivera algum merecimento
    Se um raio de razão seguisse pura.

    Outro Aretino fui,
    A Santidade manchei,
    Se me creste,
    Ó gente impia
    Rasga os meus versos,
    Crê na Eternidade.

    Um forte abraço do velho Afonso.

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