Imagem de São Sebastião - Internet
IMAGENS OBTIDAS NO BLOG ANOTAÇÕES DE CADERNOS DE MARIA DO CARMO
POSTADAS EM 15/01/2015:
Na pequena praia de colonização portuguesa Armação do Itapocoróy há santos às devoções diversas. Entre os mais importantes se destacam São Pedro o patrono dos pescadores e São João Batista, padroeiro do lugar. Santo, também muito recorrido às graças, era São Gonçalo do Amarante, santo português tocador de viola que segundo as más-línguas, tomava umas e outras para celebrar a vida.
Entre santos tantos, os festejos de São Sebastião dar-se-ão em janeiro e têm grande evidência dado o ritual, principalmente em relação ao seu mastro sincrético de outra religião, com uma enorme procissão dos fiéis. É interessante a celebração, por obedecer ritos tradicionais dos quais muitos se perderam no tempo. Inclusive o refrão do cântico principal "Minero Dô, Minero Dô!...”, semelhante ao ritmo da congada africana que coroava o rei do Congo ou do Moçambique, bailado guerreiro africano, não se sabendo ao certo a tradução literal que para aproximar religiões pelo sincretismo, veio à festa do santo.
A procissão do mastro, como outras festividades religiosas, conta com seus festeiros – devotos responsáveis principais pelo evento ao respectivo ano. O festeiro ou promesseiro de 2020 a São Sebastião seria meu nobre amigo Carlos Malburg, arquiteto carioca que faleceu no transcurso deste ano de 2019. Ficando seus familiares responsáveis pela organização dos preparativos. Carlos era devoto de São Sebastião padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, sua terra natal, também admirador da tradição do mastro trazida, símbolo fálico pagão adaptado a eles pela religiosidade cristã ao tronco em que São Sebasião foi amarrado servindo de alvo aos arqueiros que não o conseguiram matar.
Muitos milagres são atribuídos a esse santo aos mais diversos casos de enfermidade humana. São Sebastião também tem referência à proteção dos animais, produzindo curas em rebanhos doentes.
SÃO SEBASTIÃO
Que bom que o falo pagão,
Marco da fertilidade,
Serviu como identidade
A que São Sebastião
Fosse símbolo cristão,
Devido ser amarrado
A um tronco e transpassado
Por flechadas de arqueiros,
Para dar seus derradeiros
Suspiros de infiel soldado.
Ele, soldado romano,
Foi um pagão convertido
E não fazia sentido
Ao imperador soberano
Ver seu herói noutro plano
Que não fosse planos seus.
Mas os designeos de Deus
Eram outros, e o soldado
Depois de preso e flechado
Pregou ainda aos ateus.
Porque foi tido por morto,
Com o corpo todo ferido
Sem exalar um gemido.
Mas, por um caminho torto
Mas, por um caminho torto
Conduziram-no ao conforto
De um lar. E o santo soldado
Com o seu corpo mutilado,
Por obra divina e plano,
Fez o sagrado e o humano
Suplantarem aquele estado.
Curado, saiu pregando
E convertendo pagãos
Para os preceitos cristãos
Ensinados desde quando
Cristo pregou e ao Seu mando,
Dizia o doutrinador.
Estava ali dando o Amor
Trazido por Deus Menino.
Ia levando esse ensino
De Jesus Nosso Senhor.
O imperador, ao saber
De Sebastião estar vivo,
Sentenciou incisivo
Do alto de seu poder,
Que matassem aquele ser
Nefasto ao imperador.
E com cão farejador
Atrás da sua pegada,
Ele foi morto à paulada,
Enquanto pregava o amor.
Na Praia da Armação,
Os devotos fazem a festa
Com um tronco da floresta,
Um mastro, por tradição
Em honra a São Sebastião,
Sob um grande festival,
Expressão tradicional
De festejos a esse santo,
Com versos livres de canto
Ao tambor, tal ao ritual.
Para imitar o soldado,
Os homens põem um casquete
Como um elmo que remete
A estar uniformizado.
Com mais um saiote atado
Sobre a calça o faz conforme
Peça do antigo uniforme
Que o soldado romano
Usava. E sem ser profano,
Faz-se à semelhança enorme.
Para imitar o soldado,
Os homens põem um casquete
Como um elmo que remete
A estar uniformizado.
Com mais um saiote atado
Sobre a calça o faz conforme
Peça do antigo uniforme
Que o soldado romano
Usava. E sem ser profano,
Faz-se à semelhança enorme.
Do rito, o mais importante
É o enfeite do pau
Colocado em um jirau,
Tendo flores, o bastante,
Que as mulheres, com barbante,
Atam-nas ao mastro e vão
Enfeitando com uma porção
De ramagens e de flores
Cantando versos de amores
Para São Sebastião.
E pedem fecundo amor,
Rogam luzes a dar à luz,
Com batuque que as conduz
À alegria; e ao sabor
Da consertada, um licor
Feito à base de aguardente
E gengibre. O povo crente
Com vontade que sobeja
Conduzem até a igreja
O mastro aos ombros da gente.
Assim com o mastro enfeitado,
É
feita a grande puxada
Ao longo da extensa estrada
Em que o tronco é levado
Ao lugar determinado,
Sob aplausos e cantigas.
Rapazes e raparigas
Oferecem consertada,
Broa, bolacha, cocada,
Conforme às festas antigas.
E, ao MINEIRO DÔ, cantando
Chegam à igreja, no local
Para um novo ritual.
Tange o sino em toque brando
Com a cantoria, até quando
O mastro ter sido erguido
Com corda, bambu, gemido,
Grito, palma, aplauso, até
O mastro ficar em pé,
Dando ao rito outro sentido.
Vem reza, vem brincadeira,
Abraço, conversa, canto,
Salva de palmas ao santo
Até hastearem a bandeira
Que, lá no mastro, altaneira
Leva São Sebastião
Mostrando ao povo cristão
Para que de longe veja
Que haverá festa de Igreja
Na Paróquia de Armação.
Dias depois logo vem
A missa e, ao fim, um leilão
De pães de massas que são
Representações que têm
A ver com milagre a alguém.
Há pés, como pés curados,
Braços, corações... são dados
Que apontam ao órgão, à graça.
E os pães levados à praça
Da igreja são arrematados.
NOTA DE RODAPÉ:
VIVA O CENTENÁRIO DA ACADEMIA CATARINENSE DE LETRAS - ACL2020
Laerte,
ResponderExcluirBelo poema que homenageia São Sebastião, padroeiro da minha querida "Cidade Maravilhosa"... A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, fundada em: 1° de março de 1565, por: Estácio de Sá.
A Igreja de São Sebastião dos Capuchinhos (administrada pelos frades franciscanos), é a guardiã da imagem do santo e guarda um relicário (um fragmento do osso do mártir, São Sebastião).
FELIZ "Vinte Vinte" para ti meu caro amigo!!!
Eu fico de boa aberta lendo seus
ResponderExcluirpoemas, querido Laerte. Sua obra
me é preciosa. Muito preciosa.
Um grande abraço e um maravilhoso
passar de ano junto aos seus.
Feliz ano novo e boas festas, amigo.
Caro Laerte, trovo molto interessanti le tue poesie, hanno qualcosa che attira...
ResponderExcluirCiao e buon fine d'anno con un abbraccio e sempre con un sorriso:-)
Tomaso
Che l'anno nuovo possa riempire la tua vita con felicità, gioia, prosperità e che possa realizzare tutti i tuoi sogni.
ResponderExcluirUn augurio per te è quello di trovare sempre l'alba anche quando arriva l'imbrunire.
Buon 2020!
Boa tarde de 2020, Laerte!
ResponderExcluirVim de uma cidade do RJ onde o padroeiro da nossa Paróquia era Sao Sebastião. Todo ano a festa era linda com missa e procissão.
Agora onde moro é Nossa Senhora da Conceição e Sao Pedro.
Gostei muito de ver a festividade religiosa aqui mostrada em prosa, fotos e versos.
Tenha dias abençoados!
Abraços fraternos e festivos
Aquele abraço, Feliz 2020
ResponderExcluirUma homenagem a São Sebastião, muito bela no seu poemas e nas informações que nos deixa.
ResponderExcluirQue o ano de 2020 lhe traga dias cheios de harmonia, amor e saúde para si e para todos os que ama.
Um beijo.
Laerte,
ResponderExcluirComo amo essas histórias e
tudo que envolve memórias!
Que em 2020 você nos presentei
como muitas dessas maravilhosas
publicações.
Sou grata por ler em meu blog
e em outros por onde passo.
Bjins
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
entre sonhos e delírios
Olá Laerte,
ResponderExcluirAntes de mais quero desejar-lhe um ano de 2020 repleto de saúde, paz, partilha e gratidão!
Adorei o poema, maravilhoso!!!
Aqui na minha cidade (Águeda, Portugal) o Santo Padroeiro é o São Sebastião.
Beijinhos
Olá, Laerte!
ResponderExcluirComeço por lhe desejar um Bom Ano Novo para você e sua família.
A tradição sempre é o que era, digo eu, pois sua descrição, como sempre, é fantástica, quer sejamos religiosos ou não.
Na cidade onde nasci, também se fazia a procissão e festa em honra do mártir S. Sebastião, mas como criança que era, nessa época, eu nunca perguntei porque lhe chamavam mártir. Meus pais sabiam, decerto a história dele.
Seu poema, me contou tudinho. Obrigada! A História, não sendo uma ciência exata, nos dá a conhecer factos importantes.
Um grande abraço e um grande ano.
A tradição principalmente das festas cristãs revelam a cultura de um povo que continua fiel aos seus costumes.Sempre me emociona ver uma procissão, noiteiros, cânticos tradicionais que juntos evocam nossas lembranças. Belo Texto! Feliz 2020!
ResponderExcluirOi Laerte, que gostoso ler seu rico poema e saber sobre esse santo cristão. Que bonito é uma tradição que une as pessoas, isso é o mais importante não importa as crenças.
ResponderExcluirParabéns pelo poema, abraço!
Que tradição interessante, que homenagem bonita a quem tanto fez por amor!
ResponderExcluirFeliz Ano Novo!
Abraço
Um extraordinário poema, Laerte, que nos dá a conhecer, detalhadamente esta tradição, tão significativa para esta comunidade!...
ResponderExcluirConfesso que desconhecia... pelo que é sempre tão enriquecedor passar por aqui!
Deixo um beijinho e os meus votos de um muito feliz 2020, com muita saúde, inúmeras alegrias, e que o novo ano traga tudo, o que mais desejar para si e todos os seus, Laerte!...
Tudo de bom! Feliz Ano Novo!
Ana
Através do seu comentário no eu blog, vim espreitar o seu. :) Achei imensa graça a este seu último post ser dedicado a D. Sebastião. Pois é o padroeiro da minha cidade também em Portugal.
ResponderExcluirBelo poema. Bem-haja. Votos de um excelente 2020.
São essas tradições que distinguem os habitantes das cidades, lembras que aqui é a Nossa Senhora dos Navegantes? Aquelas embarcações no Guaíba que vão chegando... lindo de se ver.
ResponderExcluirLaerte, que 2020 traga muita saúde a vocês, e que continues a nos brindar com ricos poemas, contando as histórias de tua terra.
Grande abraço e beijos à família!
Um trabalho verdadeiramente admirável, todo ritmado a rima rica em versos perfeitos de sentido coerente.
ResponderExcluirOs meus parabéns por tão bom domínio desta arte.
Passeando pelos Açores nun Verão, dei com a Festa do Senhor Bom Jesus Milagroso na freguesia de S Mateus da ilha do Pico, povoação que remonta à chegada dos primeiros colonizadores. O ofício é presidido por um bispo, é uma grande festa religiosa, com grande procissão, pagamento de promessas e os pães de massa arrematados.
Todas estas festas dos Açores me impressionam pela adoração da imagem.
Parece impossível como estas manifestações perduram nos Açores e Brasil. A Igreja vai alertando contra a idolatria, mas apoiam e gostam da festa...
Gostei muito de ler e saber Laerte.
Os meus votos para 2020, expressos nos meus postais de Natal.
O meu abraço amigo, ainda festivo...
~~~~~~~
E viva São Sebastião! Feliz 2020.
ResponderExcluirEste santo también se celebra en muchas localidades españolas entre otras en la ciudad que lleva su nombre, San Sebastian, con un desfile amenizado por tambores.
ResponderExcluirMis mejores deseo para ti y los tuyos en estas fechas.
Saludos.
Que estas tradições nunca se percam! Adorei o poema. :) Boa semana.
ResponderExcluir--
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Bom Ano, caro Laerte.
ResponderExcluirUma bela tradição, exposta em versos bem inspirados e nos ampliando o leque de conhecimento sobre este santo.
ResponderExcluirFeliz 2020 com muita paz, saúde e sabedoria.
Beijos carinhosos!
Caro Laerte
ResponderExcluirLi encantada o seu belo poema que conta a história de São Sebastião, soldado romano, pagão, mártir, que entra na tradição cristã como Santo.
O ritual dos enfeites do mastro e tudo o que se lhe segue, com os homens a vestirem-se para parecerem o mais possível com os soldados da época, os comes e bebes, enfim tudo isso mostra bem como as tradições reúnem as pessoas à volta dum mesmo sentir.
Obrigada, meu amigo.
Um Feliz Ano Novo!
Abraço
Olinda
Abraço
Olinda
ResponderExcluirDesculpe a repetição da despedida :)
Amigo Laerte, bonita festa e tradição!
ResponderExcluirVenho desejar-lhe um excelente ano novo!!!
Beijinhos
Que este novo ano seja uma porta aberta para novos sonhos, renovações de fé e muita paz para nós e para o mundo. Feliz MMXX!
ResponderExcluirAmazing blog, I follow you on gfc #278 ,follow back?
ResponderExcluirhttps://bubasworld.blogspot.com/
Sabendo como foi o Martírio de S. Sebastião, desconhecia outros pormenores que foram de uma grande e esclarecedora beleza no poema brilhante que nos traz !
ResponderExcluirFeliz 2020 com
Saúde e paz , Laerte !
Bji
Brilhante poema a homenagear S.Sebastião, nunca se percam estas tradições.
ResponderExcluirBom fim de semana
Aproveitando que passei por aqui, espreitando se me teria escapado alguma postagem, entretanto... aproveito para deixar um beijinho e os meus votos de um feliz domingo e uma óptima semana, Laerte!
ResponderExcluirAna
Meu amigo Laerte conheço Armação do Itapocoróy por ouvir de ti muitas histórias dessa tua encantada praia, que mais uma vez a ela prestas homenagem neste teu blog de cultura. As fotos postadas tiram o esforço da imaginação para vermos uma pouco mais da praia e de seus costumes, como as festas religiosas. A postagem está excelente: fotos, texto e, por fim, o belo poema intitulado SÃO SEBASTIÃO, no qual transcrevo a sua primeira estrofe com a intenção de chamar atenção dos teus leitores para a importância do poema:
ResponderExcluir“Que bom que o falo pagão,
Marco da fertilidade,
Serviu como identidade
A que São Sebastião
Fosse símbolo cristão,
Devido ser amarrado
A um tronco e transpassado
Por flechadas de arqueiros,
Para dar seus derradeiros
Suspiros de infiel soldado.”
Parabéns ao dileto amigo Laerte, Poeta e Acadêmico!
Que o ano de 2020 seja de paz, harmonia, amor, saúde e muita paz para ti e para ose teus familiares.
FELIZ ANO NOVO, Laerte!
Pedro
Lindíssima homenagem poética a S. Sebastião.
ResponderExcluirTenha um ano maravilhoso.
Um abraço
Uma muito bela homenagem a São Sebastião.
ResponderExcluirUm abraço Laerte
Obrigado por dar a conhecer... Bj
ResponderExcluirGostei de ler e conhecer
ResponderExcluirEstimado amigo Laerte
Hoje vim trazer um convite.
Neste ano de 2020 quero alinhavar no meu blog Sonhos e Poesia um projeto intitulado "Café Poético" onde no último dia de cada mês será apresentado na minha página uma pérola poética de sua autoria à sua escolha para que possa ser apreciado pelos nossos amigos e amigas leitores. Maiores informações no meu blog. Passe por lá, leia a postagem e sinta-se à vontade para aceitar ou recusar o convite.
Beijinhos poéticos
Maravilhosa partilha. Aqui em Lamego, uma das sedes de Diocese de Portugal, S Sebastião é o Padroeiro Maior da mesma.
ResponderExcluirAbraço e um excelente 2020.
😉
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Laerte,
ResponderExcluirPassando pra deixar
Bjins de 6ª feira
CatiahoAlc./Reflexod'Alma
entre sonhos e delírios
Amigo Laerte
ResponderExcluirVenho agradecer a sua sempre poética visita que tanto me agrada.
Desta vez, para além de ficar a conhecer as tradições que ainda acontecem em louvor do Mártir S.Sebastião, sou bafejada com uma bela poesia que tudo conta. Não há dúvidas de que o amigo é um Silo, pleno de sabedoria e poesia. A sua cultura e a sua sensibilidade são para mim um enorme orgulho, por tê-lo como seguidor:bem haja.
Bom fim de semana.
Um abraço
Beatriz
Admiro a sua facilidade em escrever poemas, uma coisa linda de se ler e reler! Parabéns pelo talento tão bonito! Que Deus continue te abençoando sempre!
ResponderExcluirUm abraço,
Gabriela
Belo poema e bela homenagem a São Sebastião...
ResponderExcluirGrande abraço, bom domingo!
Belo trabalho, Laerte.
ResponderExcluirDe fôlego: religião, antropologia, etnografia, poesia e não sei que mais... tudo para homenagear o santo-mártir Sebastião.
Gostei muito. É um serviço que se presta à cultura a preservação da celebração e guarda de documentação que memorize a História.
Parabéns e abraço.
Tem um dom que não pode ser negado nem apagado.
ResponderExcluirSorrisos de talento.
E que perdurem por muito e muito tempo.
Meu caro amigo de um momento.
Megy Maia
Muito bom! Muito obrigada pelo belo trabalho.
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