Linguagem[+]

sexta-feira, 25 de maio de 2018

A IMPONDERÁVEL LEVEZA DO VERSO




Para homenagear meu próprio livro de haicai, lançado recentemente, publico alguns dos versinhos nele contidos.
Haicai é um estilo literário de poesia de origem japonesa (haiku -俳諧) que surgiu aos moldes das produções existentes entre os séculos IX e XII, designada na época por tanka, cuja representação literária diferencia-se dos tradicionais poemas pelo fato de serem pequenos, sem título, mantendo a métrica no formato oriental. Hai no linguajar japonês significa brincadeira e kai, harmonia. Originalmente o poema não trazia rima, mas ao passar dos tempos, algumas modificações foram ocorrendo na estrutura dos haicais, critérios que se mantiveram. Houve então, a introdução das rimas, em que o primeiro verso com cinco sílabas (pentassílabos), rima com o terceiro verso, também de cinco sílabas, enquanto o segundo verso de sete sílabas (heptassílabo), tem a rima entre uma palavra anterior com a última palavra do mesmo verso. As sílabas são gramaticais não poéticas (tônicas). Eis alguns dos poemas extraídos do livro A IMPONDERÁVEL LEVEZA DO VERSO 

Ser sonho enorme
Fez de minha pequenez
Justa e conforme

Amar é a arte
A qual parte e reparte
Parte por parte

Todo avarento
É um verme com epiderme
Sem excremento

Cadente estrela
É façanha tamanha
Somente vê-la

Burro tem mágoa
Sozinho leva vinho
Mas bebe água

O bicho homem
Rico é um nanico
Só com abdômen

Efêmera flor
De cerejeira beira
O pleno esplendor 



domingo, 13 de maio de 2018

SAUDAÇÃO ÀS MÃES

Imagem - Internet


Hoje, segundo domingo de maio, dia treze, é uma data de muitas comemorações em nosso país. É o Dia das Mães que, coincidentemente, caiu no dia consagrado a Nossa Senhora de Fátima, por sua aparição em mil novecentos e dezessete. Comemora-se também, a Ascensão de Jesus aos céus. Dia treze de maio de um mil e oitocentos e oitenta e oito, a Princesa Isabel assinou a lei áurea que daria fim a vergonhosa escravatura no Brasil. É o dia das Comunicações Sociais (dia das notícias, dos jornais, dos jornalistas, dos comunicadores, etc). Hoje ou ontem (12/5) faz cem anos que foi estabelecido o dia de homenagear as mães, no Brasil – Centenário do Dia das Mães. A história começou em pequena cidade dos Estados Unidos quando Ana Jarvis resolveu homenagear a mãe convidando as amigas dela para um café, em 1907, e dali em diante toda a cidade tomou essa prática, até que em 1914 o presidente daquele país tornou o dia oficial. No Brasil, estabeleceu-se a data treze de maio, em 1918, porém, foi em 1932 que o Presidente da República oficializou o Dia das Mães para o segundo domingo de maio. Em Portugal a comemoração já se deu no domingo passado (seis de maio). 
Por aqui, presto homenagens a todas as datas mencionadas, mas para exaltar as mães que geram, outras que criam, terceiras que educam, mães que atendem, e a tantas outras, compus um poema especial e deixo como meu penhor simples, mas singular e magnânimo pela própria grandeza da figura homenageada, a mãe.



SAUDAÇÃO ÀS MÃES
Autor: Laerte Tavares


Dia das Mães é um dia que se passa /
No mês de maio, sagrado à Maria, /
A mãe da Deus. Que as mães, neste dia, /
Recebam dela a consagrada graça /
De luz e bênção, a luz que se enlaça /
Ao filial amor, do qual me ufano /
Por ser amor de Deus Pai Soberano. /
Então, que o dia seja só de amor! /
O amor que traz amor, e aonde for /
Dará a luz que dá à luz ao ser humano.

terça-feira, 1 de maio de 2018

SONHOS



ANTOLOGIA DE POESIA DA EDITORA CHIADO - PORTUGAL 
 "SONHOS" - LAERTE TAVARES 





Imagem Internet




SONHOS


O meu sonho é enorme...
Não posso ser pequeno!
Vamos à voga e à vela. Ao sonho aceno
Que o seguirei igual como quem dorme.
Traço meu rumo ao dele, a estar conforme,
Para singrarmos já ao pano pleno.
Dada a ambição, sem vento, eu me enveneno,
Corrijo rota a fim que se transforme
Vaga viagem à vã velocidade,
Veloz; volvendo ao vento vil vindo, que invade
Vão do velame inteiro. Eu ultrapasso
O sonho meu sem leme e sem sentido.
Ao me acordar no oceano, perdido,
Nada planejo. Nada sou, nem faço!...


Na cama eu viro, durmo e me atrelo
Ao lindo sonho em um reino encantado.
Príncipe sou, e uma princesa ao lado
Conduz-me à dança no amplo castelo
Onde graceja um só polichinelo
Junto de súditos daquele reinado.
Danço com a dama de rosto colado,
Mas eis que ela, contrária ao meu fado,
Afasta o rosto e me acorda ligeiro.
Ao ver que o sonho foi tão passageiro
Retorno a ele, qual fiel soldado
E aos risos, danço. Meu ser verdadeiro
Mantém-se alegre, quase o dia inteiro,
Feliz da vida e sonhando acordado.