CREPÚSCULO SOBRE O MAR CALMÍSSIMO DA BAÍA DE ITAPOCORÓY
FOTO DE PAULO RENATO VERÍSSIMO
A
“Tragédia dos Comuns”
É um razoável tratado.
Vê o
Planeta lotado,
E prevê
morrer alguns.
Porém, eu não quero morrer! E nem me perguntem por quê.
Por estar
certo que morrendo não faria falta, como já não somo, a não ser aos meus.
Sei que o sol
nasceria como sempre; e, por certo, iria ao ocaso, mas veria com a sua própria luz e
clareza de inteira lucidez, que faltaria sob sua iluminação, este engenheiro que fica a imaginar o cálculo de rotação da Terra em torno de si, peregrina
e bela, dando a aurora rosicler.
Bem como fica a compor versos para satisfazer sua alma que transcenda aos cálculos.
E sentiria a falta do versejador afetivo e efetivo que rima Aurora com a luz indo embora.
E, agora, pois se eu morresse?... Far-se-ia o
ocaso com um outro prazo? Sei que não.
Sei que as flores desabrochariam, por certo, com a nova primavera que floresceria os jardins, porém as flores se entreolhariam e, intrigadas,
perguntariam no silêncio frio do orvalho matinal, por onde andariam estes olhos
que tanto amam as orquídeas.
O verão haveria de voltar, porém, a areia da minha pequenina praia e pátria sentiria a falta das pegadas de meus pés nus, em doces caminhadas, que as ondas apagam, como apagam todos os rastros.
O mar mais raso, sem o meu corpo nele imerso ao banho e as águas mais frias, sem o calor do mesmo, reclamariam
aos céus por mim, através de suas ondulações mansas com seus marulhares quase silenciosos.
Eu sei que apenas o joão-de-barro e o bem-te-vi
fariam as algazarras estridentes de sempre à minha falta ou sem ela, mas sei
também que a juriti, ressentida, arrulharia à tardezinha no promontório à beira
do caminho que tanto palmilho, atrás da minha casinha de praia, triste como a
pomba saudosa comovida e inconformada pela irreparável ausência de seu amigo, o passivo admirador e ouvinte
contumaz.
Hoje, ciente de mim, a voz da sabedoria me diz: amigo, mas a tua saída
dará lugar a outro embarque nesta nave lotada!
Sempre haverá outro tripulante substituto!
Então vai, oh filho Arthur!...
E mesmo não sendo rei, arvora-te altivamente
em tua senhoria humilde de majestade, e deixa o sol te
iluminar!
Observa a rotação da Terra a dar a todos, o
dia e a noite.
Rima, talvez teu empenho duro, com a vitória
no futuro.
Ama as flores! Deixa o teu rasto na praia e
entra no mar,
E nele, que o teu corpo aqueça as suas águas.
Faze!... Vive!... Para que eu, em ti, possa viver
eternamente...
Um poeta não morre pois vive eternamente através da sua bela poesia!
ResponderExcluirBoa noite!!!
A poesia é o elo dos homens (entenda-se raça humana), estejam onde estiverem, sejam que forem.
ResponderExcluirMais um belo poema, caro amigo Laerte. Parabéns.
A poesia nasce em jardins como o seu , Laerte. Este pensamento fluido como a correnteza da água cristalina, só brota em nascentes que existem para matar a sede a palavras tímidas.
ResponderExcluirParabéns, pois que a Vida não será a mesma sem a sua companhia.
Meu beijo!
Simplesmente sublime.
ResponderExcluirAquele abraço, bfds
Adorei o teu poema...Belas palavras e como o dizes já há algum tempo que não te via por aqui...fico feliz
ResponderExcluirO teu texto está magnifico
Beijinho
Adorei o teu poema...Belas palavras e como o dizes já há algum tempo que não te via por aqui...fico feliz
ResponderExcluirO teu texto está magnifico
Beijinho
Belos versos, como sempre...há que praticarmos o desapego, para que, ao partirmos, não deixemos correntes que nos prendam, mas apenas ligações afetivas que nos alegrem no futuro reencontro.
ResponderExcluirPensemos no presente, e façamos o melhor, e em nossos pensamentos saudemos a beleza de todas as coisas, tentando ser parte dela. Para que quando partamos, não sejamos insubstituíveis, porém lembrados com doçura.
Um abraço!
Bíndi e Ghost
A tua obra literária será um dos cordões umbilicais que te ligarão à vida depois de partires.
ResponderExcluirAté lá, deixa-me desfrutar dos teus novos e excelentes escritos (como este).
Bom fim de semana, caro amigo Laerte.
Abraço.
Nem pense numa coisa dessas, querido Laerte! Viver é excelente.
ResponderExcluirGosto mto de sua escrita e esta, k é um pouco diferente me encantou e assustou.
A voz da sabedoria tudo sabe.
Abraços e bfds.
Adorei te ler, emocionantes tuas palavras deixando lugar para o teu filho, encorajando-o a ir... Lindo! Adorei o céu e que delícia ter uma casinha num lugar assim! Vale muito! abração, tudo de bom,chica
ResponderExcluirOLÁ AMIGO! Passei pelo seu "Silo Lírico", sem deixar rasto, mas gostei de ler e deixo o meu abraço.
ResponderExcluirOlá, dulçoríssimo Laerte (rs)!
ResponderExcluirMuito agradeço seu versejar, seu sonetar(rs), pke lá está tudo o k canta em teu ouvido e mente. Vamos nessa!
Que feliz fiquei por saber k estavas com o gás todo ou quase, pronto para as curvas, as delas (rssss). Que continues com saúde, alegria e vitalidade (ia escrever outro vocábulo começado tb por "v", mas enfim, sei k vais entender.
Nossa! Um beijo dulçorissimo pra mim, vindo de você? Ah, minino, tua mulher te "mata". Olha que estás te candidatando a entrar no "paraíso" (rsssss)!.
Vou lá no blog da Leninha e vou escrever o k tu me falaste e olha que vou deixar beijo dulçoríssimo e com gás pra ela, e não um, e não dois (rs).
Beijos e bom domingo.
Oi, Laerte!
ResponderExcluirEstou encantada!... Seus versos a abrilhantar meu espaço... e seu espaço a reluzir sobre mim!...
A rima proposital, a prosa poética, as palavras minuciosamente escolhidas e encaixadas...
As palavras são cereais escolhidos um a um para serem ensacados em bonitos versos!...
Beijos! =)
Simplesmente maravilhoso.
ResponderExcluirQue deixemos sempre um rasto de amor e paz na nossa vida.
Bom domingo
Um abraço
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Bom dia amigo Silo! Grata pela visita e o comentário em forma de poesia que deixou, gostei muito!
ResponderExcluirParabéns pela rima poética que descreve muito bem a importância do nosso caminhar aqui nesse plano terrestre e o rastro de amor e positividade que deixamos. Você já se imortalizou com seus lindos poemas e escritos, parabéns! Um domingo de muita paz, abraços
Muito bonito, Laerte, chega numa altura de nossas vidas que começamos a refletir mais sobre o incontestável. São aquelas perguntas sem respostas que teimamos em fazê-las. Por quê? Pra onde? Questiono sem perder a alegria de viver.
ResponderExcluirMas ficam tudo que fizemos; nossos textos, nossos pensamentos, nossa maneira de agir, nosso tom diferente para os que aqui ficarem, para os nossos.
Mas o importante é a pergunta: valeu a pena? Sim, e como valeu! Nem pior, nem melhor.
E partimos pra outra, quem sabe diferente dessa. Nem melhor, nem pior, apenas outra.
Grande abraço, amigo.
Laerte, dou-te meus parabéns pela excelente crônica, mas coloco em dúvida esse abandono que dizes existir, bem como as demais considerações sobre a pouca importância que dizes que darão à tua morte. Mas como quem escreve esta crônica é um poeta, posso usar na defesa desta minha tese os versos de PESSOA:
ResponderExcluirO poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Não terá razão Fernando Pessoa?
Um grande abraço.
Pedro
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstimado Laerte.
ResponderExcluirFiquei maravilhada com a sua auto-biografia escrita em
excelente prosa poética, numa síntese admirável!
Então, é admirador de orquídeas e tem a hombridade de
confessar essa paixão... Isto diz muito do seu carácter
e são sensibilidades que se percebem nas entrelinhas.
E passa o testemunho com genuína alegria e dignidade,
porém os amigos desejam usufruir da sua criatividade
estro e talento por muitos e longos anos...
Foi muito interessante ter dado a se conhecer um pouco
mais e revelar-se surpreendente também em prosa poética.
Gostei muito do texto, pelo que agradeço os deliciosos
momentos de leitura.
Grande abraço, poeta amigo.
~~~~~~~~~
Por favor, mande-me um endereço de e-mail para raul.arruda@gmail.com. Assim poderei te mandar uma cópia digitalizada de "Adeodato", do Marcio Camargo Costa.
ResponderExcluirUm poema em prosa. Um poeta que conhece as palavras e as torna o seu maior sentido de viver. Porque a Poesia é Vida.
ResponderExcluirUma boa semana.
Um beijo.
Lindo!
ResponderExcluirO mundo continuará a girar mesmo após não estarmos mais aqui. É assim o ciclo da vida e sempre será. O que nos sobra são as memórias para aqueles a quem amamos e a eternidade da saudade.
Beijos
Meu caro Laerte,
ResponderExcluirNada apaga magia da fotografia. Bela escolha. E a arte com as palavras que você o faz tão bem. E como já aprendi, recolho em vasos de chuva os teus poemas, que se derramam aqui e nos blogues dos amigos e leitores. E nada melhor que se debruçar na sua prosa poética para redescobrir que poesia é vida e só os verdadeiramente disso o sabem.
Acolho a tua poesia e deixo um abraço caloroso,
E os poetas... deixam um universo de talento para sempre...
ResponderExcluirE por isso, vivem eternamente...
Um belíssimo e tocante trabalho, Laerte!
Muitos parabéns, por esta magnífica inspiração!
Abraço! Bom fim de semana!
Ana